A autora do blog está a banhos com a família . No entanto continua com um olho atento às notícias do reino. Assim que voltar ao activo voltarão os posts com as suas singelas opiniões. E Setembro promete. A toda a comunidade educativa: - umas óptimas férias!
Muito se disse sobre a ida da Sra. Ministra à A.R . dar explicações sobre a polémica decisão de mandar repetir os exames de Física e Química. Não vou tecer considerações sobre a oportunidade da decisão. Outros falarão com mais propriedade. Mas quero tecer considerações sobre a demagogia feita por muitos deputados e a falta de urbanidade de alguns.
Ficou claro que apenas entenderam aquela ida à Assembleia como uma oportunidade de se vingarem das batalhas, todas perdidas, ao longo destes 16 meses… (E eu que votei toda a minha vida no partido de um elemento da A.R . que usou da palavra da pior maneira!) Ficou claro que nenhum soube explicar o que teria feito melhor para “remendar” o mal provocado por reformas em cima do joelho herdadas de governos anteriores.
Eu, que acredito que os políticos “não são todos iguais”; eu que acredito que são insubstituíveis (como poderá a sociedade organizar-se em democracia sem políticos?); eu que acredito que há vários que trabalham pela gestão da pátria pensando no melhor para todos…fiquei desarmada perante os cépticos da política, pois estes deputados não se dignificaram…não nos dignificaram!
Mas há surpresas boas que se têm! Ainda há pensadores livres, mesmo dentro das máquinas partidárias! Ainda há quem defenda o que considera mais justo, sem pensar se isso lhe trará votos ou não! É um desses exemplos que me ocorreu citar, para os que ficaram desiludidos com os nossos deputados pelas mesmas razões que eu:
Ex-ministro de acordo com a tutela na questão dos exames de Física e Química / notícia no D.N.
David Justino, ex-ministro social-democrata da Educação, elogiou a forma como a actual ministra Maria de Lurdes Rodrigues geriu a questão dos exames de Física e Química.
"No plano político, fez-se o que se deveria fazer: tratar como excepção o que parece ter sido excepcional e tentar atenuar os prejuízos que essa excepção provocou", escreveu David Justino, actual assessor para os assuntos sociais do Presidente da República, num artigo de opinião publicado no número de Agosto da revista "Pontos nos ii".
David Justino alertou para eventuais "erros de concepção dos testes" e para a necessidade de avaliar se os exames "correspondem ao 'standard' exigível e ajustado aos programas, ao ensino e às disciplinas".
Depois de feita essa avaliação, acrescentou, devem retirar-se "as ilações políticas que as circunstâncias exijam".
Frisando saber, "por experiência própria", que "não há ingerência política nos serviços de exames", David Justino sustentou que "se os erros e os desajustamentos persistem então a política tem de actuar".
David Justino criticou as "carpideiras de serviço" que insistem em misturar os planos técnico e político e que "mesmo sem conhecer o morto choram por estranho efeito de contágio".
No seu artigo, o ex-ministro da Educação critica a "elite bem pensante e mediática" que "aproveita para dissertar sobre o cataclismo das negativas que alguns títulos e notícias pintam de negro" sem antes analisar os resultados reais dos exames.
Nota para os apressados a retirar conclusões: Não, não acho que tenha sido um bom ministro, antes pelo contrário. A satisfação que as suas palavras me trouxeram foi por ter tido a prova de que ainda é possível ter um pensamento próprio dentro das máquinas partidárias e não subordinar as intervenções públicas às exigências da agenda política. (E como é mais fácil estarmos juntos numa imensa carneirada...)
Para gáudio de muitos: hoje estou aborrecida com o Ministério da Educação!
Li uma afirmação do Sr. prof . Paulo Sucena (mas ainda podemos considerar alguém professor quando não lecciona há décadas? A partir de hoje, no que diz respeito ao tratamento que dou ao excelentíssimo, está-lhe retirado o epíteto de professor, tenho dito) dizia eu, li hoje uma afirmação do dito “Sr. profissional dos sindicatos há uns 30 anos” que nos dava a fantástica novidade: “- podemos fazer mais um dia de greve, dois, três, quatro, os que forem precisos!”
Eu acho bem. Assim como assim, as greves são a única altura em que os professores faltam à escola mas não recebem o dia. Isto, porque dado o laxismo do sistema todos sabemos que há sempre uma maneira de justificar a habitual faltita e por isso os euros entram à mesma na conta do docente. Sendo assim: ao menos quando estão de greve não sai do erário público pagamento nenhum…
A minha ideia é a seguinte: mais semana, menos semana de aulas, acaba por não fazer muita diferença, pois os prejudicados são sempre os mesmos: OS ALUNOS!
Claro que, como estes profissionais dos sindicatos não ignoram (nessas matérias são muito empenhados, pudera, sobra-lhes tempo livre…), os prejudicados também são, como sempre, os ENCARREGADOS DE EDUCAÇÃO. E como sofrem! Vemos os nossos educandos com menos aulas do que as previstas inicialmente, com os reflexos que daí advêm no seu sucesso escolar… E muitos dos pais são obrigados a faltarem aos seus trabalhos porque não têm onde deixar os jovens. E não há que ter vergonha de o afirmar, ou ter qualquer sentimento de culpa – é a verdade muitas vezes trágica!
Por isso, quanto aos prejudicados estamos falados. Lá vamos indo…
Vinha isto a propósito de hoje estar particularmente aborrecida com o Ministério da Educação.
No passado ano, o Governo reduziu o número de professores a exercer funções sindicais a tempo inteiro de 1327 para 450. Não houve comentador político que não elogiasse a medida, desde a esquerda à direita, pois como sustentar 1327 pessoas a viverem à sombra do sistema no estado em que o país está?
Acontece que ontem os sindicatos de professores chegaram a um acordo com o Ministério da Educação quanto à distribuição dos 300 docentes que irão exercer funções sindicais a tempo inteiro. O acordo não me espanta nada (mais vale um pássaro na mão…) e acho bem. O que me surpreende é o número de Srs. e Sras. que vão exercer a tempo inteiro funções sindicais! 300?!
E quem paga? O erário público. Se o Estado gastava anualmente com estes docentes cerca de 20 milhões de euros em salários, agora parece que vai passar a gastar “apenas” oito milhões de euros…Oito milhões de euros? Terei lido bem? Ora…deixa lá ver…isso dava para quantos aquecimentos nas escolas que não têm…quantos computadores…etc., etc. Por isso estou zangada com o Ministério.
E não me venham com a lengalenga do discurso economicista. Do Estado exige-se rigor e contenção com os dinheiros que são de todos. Quando é que vão perceber?
Para os mais lerdos, não digo que não tenha de haver sempre lugar para docentes a exercerem funções sindicais a tempo inteiro. Claro que sim. A função sindical é das mais nobres conquistas civilizacionais que nos trouxe o 25 de Abril. Assim como o instituto da greve. Mas, meus amigos: o abuso do direito deve ser penalizado. Senão juridicamente (não estão reunidos os pressupostos), então politicamente! Estes senhores precisam saber que muito do eleitorado que vota nos partidos que sustentam ideologicamente a maioria dos sindicatos dos professores (e muita vocação têm os professores para a função sindical: já repararam na quantidade astronómica de sindicatos que têm em comparação com as outras áreas profissionais?!), precisam de saber, dizia eu, que muitos desses eleitores andam a pensar melhor onde depositar o seu voto na próxima vez que formos às urnas!
Não é o eleitorado de direita ou aquele que nunca vota que sente o “abuso” da actuação dos sindicatos! (Ou porque esse já pensava assim há muito tempo, ou nem pensa nada de relevante no caso dos que não votam.) É o eleitorado de esquerda que começa a ficar fartinho (mas fartinho mesmo) de tanta desconsideração dos que, obcecados por uma guerra sem qualquer sentido, andam a ter por nós!
Nunca é demais lembrar que a todos os pais e encarregados de educação assiste o direito de participar no processo educativo dos seus filhos ou educandos. Podemos fazê-lo individualmente, mas também integrados em Associações.
Do meu ponto de vista, as Associações de Pais assumem cada vez uma maior importância. Assim como é cada vez mais importante que os pais tenham uma nova postura perante a vida escolar dos seus educandos, muito mais envolvente.
A Associação de pais está representada na Assembleia de Escola, no Conselho Pedagógico e no Conselho de turma (neste caso, um elemento da turma indicado pela Associação de Pais). Também se reúne com o Conselho Executivo / Director da escola para tratar de assuntos relacionados com a vida do estabelecimento.
Posso acrescentar, pela minha experiência pessoal, que também é muito mais interessante pedir – e conseguir – uma reunião com os órgãos autárquicos (junta de freguesia, câmara municipal) enquanto Associação, do que enquanto encarregada de educação individualmente.
Por estas e por outras razões, se a sua escola ainda não tem uma Associação de Pais crie você uma. Não dá trabalho nenhum (quase nenhuma papelada), e pode dar-lhe muitas satisfações pessoais. O que é que nós não fazemos pelo bem-estar dos nossos filhos?
Uma advertência: se pensar fazer parte dos órgãos sociais da Associação, não se esqueça que passa a agir não apenas como encarregado de educação mas também como representante dos outros pais na escola. Isso acarreta uma série de responsabilidades.
Boa Sorte!
Nota: por razões óbvias, as opiniões desta encarregada de educação individualmente considerada, não se confundem com as posições tomadas enquanto órgão social das associações de que faz parte…
debate nacional sobre educação