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Quarta-feira, 26 de Julho de 2006

Educação e Cidadania andam de mãos dadas

Quantos de nós conhecemos indivíduos recheados de habilitações académicas, mas que depois verificamos serem uns estafermos no seu dia-a-dia? Não participam nas reuniões de condomínio, não sinalizam as manobras que fazem na estrada, não têm autocontrole sobre os seus ímpetos, não têm respeito sobre as opiniões nem os espaços/direitos dos outros, não participam na vida politica (nem que seja ao menos cumprindo o dever/direito de votar), etc. Isto só para dar alguns exemplos dos que mais me aborrecem...

Para mim “Educar” é um processo de transformação do animal humano num cidadão pleno. Assim: quem educa é a sociedade.

Educa através das entidades especializadas (escolas, universidades) e através das palavras dos pais e das acções dos pais.

Mas também educa através de todos os seus membros, em todas as latitudes e longitudes, a todo o momento.

A sociedade educa através dos livros, das empresas, dos jornais, dos programas de televisão (ai…famosas telenovelas!), da rádio, do desporto, das igrejas, da tortura dos prisioneiros políticos…

Assim, cada um de nós é um professor a serviço da sociedade ou contra ela, em função dos valores estabelecidos. E tal facto é óbvio: o homem é um ser social e a sua vida não tem sentido se não estiver inserida na sociedade.

Todos somos responsáveis pela sociedade que temos, portanto.

Percebo, por isso, quando alguns professores vêm para a praça pública reclamar que se espera da escola mais do que aquilo que ela pode dar. Sem dúvida. Os professores não têm uma varinha mágica que eduque para o ambiente, a sexualidade, a alimentação, a prevenção de incêndios, para o direito à diferença, para a não discriminação, para a democracia. (Alguns deles são mesmo a antítese dessa “educação”: veja-se os fóruns de professores que há na Internet e a forma como eles se insultam mutuamente sem qualquer decoro…)

O que já não percebo é que sejam eles, professores, os primeiros (de uma forma mais encapotada ou mais óbvia, conforme a sofisticação) a sacudir a água do capote quando lhes é imputada alguma responsabilidade.

O que não percebo é que não queiram aceitar a evidência de que também são responsáveis pelos resultados dos alunos. Que não percebam que, como nós, em qualquer actividade, são (também) responsáveis pelos resultados. Que não percebam que É PRECISO PENSAR A EDUCAÇÃO.

Que não percebam que a sua avaliação, séria, apenas vai favorecer os que são bons e penalizar os que são maus, e que isso só pode ser bom para a classe e para todos.

E não venham dizer que é sobre “esta avaliação” que estão contra. Os professores querem viver sem NENHUMA AVALIAÇÃO. Que sabedoria esta a destes senhores…que está acima de todos e de qualquer instância.

Todos nós sabemos que os professores são os primeiros a quererem correr com os pais da escola, por exemplo. Basta ver o que dizem entre eles, a chacota que fazem em alguns blogs sobre os pais menos habilitados academicamente, o folclore da simulação de “cartas de avaliação” cheias de erros ortográficos.

Eu sei que pais que não sabem ler nem escrever podem ser excelentes educadores. Estes Srs. “professores” não sabem isso. E sei interpretar português, pelo menos o suficiente para perceber que na proposta da Sra. Ministra não se trata disso, de "cartinhas". Eles não interpretam o português, eles reformulam o que está escrito (e muita comunicação social vai no jogo) conforme o que lhes dá mais jeito para a acção de propaganda.

O que não percebo é o MEDO. Falta muita cultura democrática a esta classe. Não aceitam ser criticados. Não querem ser postos em causa. (E eu que educo as minhas crianças a porem tanta coisa em causa…)
sinto-me:
publicado por uma E.E. às 22:48
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8 comentários:
De uma E.E. a 29 de Julho de 2006 às 10:23
Exma. Sra.,

É com muita pena minha, acredite, que tenho de perguntar-lhe se o seu comentário se deve às faltas de apoio que teve do Ministério durante a sua vida de estudante e, que portanto a levaram a não saber interpretar simples redacções – como são os meus curtos posts – em Português, ou se por outro lado é uma espertalhona, até percebeu muito bem o que eu disse…mas decidiu mandar um bitaite por pura má fé… (?)

É que não há nas minhas palavras qualquer sinal de desrespeito contra os professores: há críticas (veja as boas definições para “críticas” que existem em qualquer dicionário) quanto aos discursos e às atitudes menos dignas de alguns professores.

Chama-lhe desrespeito? Eu chamo-lhe contributo, opinião, exercer cidadania, exercer a democracia, aceitar as responsabilidades.

Se reler bem o post onde deixou a sua opinião, vai com certeza entender, por maiores que sejam as suas dificuldades, que digo que todos somos responsáveis pela sociedade em que vivemos. E não dou nenhum conselho acerca de como “do que é trabalhar com jovens adolescentes, do que lhes é incutir saber, valores, conceitos de vida...”

Quando diz que é FALSO E MENTIROSO a minha afirmação de que alguns professores fazem chacota dos pais menos habilitados academicamente…recomendo-lhe uma busca pelos vários blogs de professores mantidos na net, alguns com a contribuição de dezenas de colegas seus. Vai ser muito fácil encontrar. Deixo-lhe aqui apenas um exemplo:
_____________________________

Carta de uma educadora Ao concelho executibo da escola Á dos roubados 2300 -564 Lavoura de cima

Portugues: dois pontos, é aplicada e gosta muito dos poemas mas isso na mata a fome a ninguém, eu cá axo que essa disciplina debe ser acabada, nos sabemos muto bem falr e escreber por isso e perca de tempo.

Ingles: três pontos, axo muto bem esta disciplina, e muito educatiba e o me Zé tame sempe a dizer "fuc iu", o que quer dizer "gosto muto de ti mãe", lindo.

Frances: dois pontos, isto dos aveces já foi tempo, agora o pessoal esta mais virado para a Alemanha lá ganhase muto mais assim aprender esta coisa é dispenssavel, devia acabarse com ela.

Historia: Eu cá quando andaba na escola gostaba muto de istoria, isto e que era cada um contaba uma istoria, ainda me lembro daquela do ti badelhas, quando ele caio com o burrico e lá se foram as nespereas aquilo é que foi rire as gargalhadas, gosto muto quatro pontos.

Geografia: O me Zé gosta muto ele ate sabe onde se faz a coca, e na colômbia, ele bebe muta coca cola, eto lhe sempre a dizer Zé isso fazte Mali mas ele na me oube, quatro pontos.

Matematica: um ponto, esta disciplina devia acabar o me Zé chega sempre a casa com dore de cabeca já na sei que lhe dé pras dores, e muto violenta a disciplina e o sacana do prufessorê até quer que o miudo traga trabalho pra fazer em casa vejam so, como se o cachopo já na tivesse cosas pra fazer.

Ciencias-naturaes: tres pontos, o me Zé ate gosta disto ele aprendeo que os sapos e as rans tamem fazem o amor, foi lindo ele a correre atraz da irmã pra lhe mostare como se faz, bem o me marido foi dar com ele atraz da ovelha jaquina foi uma sorte, na fosse o raio do gaiato apanhar a tal da siva e era mau.

C. Fisica e quimicas: um ponto, atao na e que o raio do prufessorê me queimou as pestanas do me Zé, o cachopo chegame a casa todo qemadinho das pestanas, isto e um prigo esta disciplina devia acabare e mai nada.

Ed. Fisica: cinco pontos, axo muto bem fazer o me Zé levantarse da cadera e correre, ate proque ca em casa ele esta sempre a correre atraz da irmã aquilo e que são os dois marotos sempre na brincadera, outro dia ate ele já estava com as calcas na mão e ela a correre a frente dele mas o sacana consegio memo assim apanhar a mosoila, ele e rápido.
_______________________

Este é apenas um exemplo dos muitos que por aí andam, alguns ainda mais infelizes. Estão em espaços de profs identificados enquanto tal; como um motor de busca vai encontrar bastantes.

CONCLUINDO COM O MAIS IMPORTANTE: CONCORDO QUANDO DIZ QUE É UMA DAS PROFISSÕES MAIS DIGNAS…TAMBÉM POR ISSO HÁ-DE CONCORDAR COMIGO QUE MUITOS DOS SEUS COLEGAS É QUE TÊM ATITUDES MENOS DIGNAS, QUE ELES É QUE (INFELIZMENTE) SE DESRESPEITAM!
De Aventurina a 31 de Julho de 2006 às 00:48
Uma coisa é certa: a Sra. com este blog quer, podendo até afirmar, como o tem feito ( até parece que se quer redimir de algo ), que "nada tem contra os professores", demonstrar uma certa "raivinha " para com os professores, mesmo que tal seja inconsciente (parece-me não ser ).

Porque não um blog de utentes do serviço público de saúde hem?

Cumprimentos
De uma E.E. a 31 de Julho de 2006 às 09:53
Cara “Aventurinha”:

As minhas afirmações de que “nada tenho contra os professores” vieram na sequência de algumas reacções aos meus posts. Gosto de ser clara nos meus propósitos e tentei esclarecer “as dúvidas”. Pode querer que a partir de agora tal pensamento já não me vai mais ocupar, pois sobre essa matéria entendo já ter explicado tudo.

O seu comentário demonstra uma certa "raivinha " para com os encarregados de educação, mesmo que tal seja inconsciente (parece-me não ser)… ou a sua “raivinha” é contra mesmo qualquer pessoa que não concorde com as suas posições, independentemente do assunto sobre o qual tratam?

Quanto a um blog sobre utentes do serviço público de saúde, pode querer que adorava que alguém o fizesse. Mas, felizmente para mim, não é um assunto que me motive nem um bocadinho em comparação com este. E sabe porquê?

Eu explico-lhe sumariamente e claramente:

Porque entendo que as actuais questões que se debatem na educação são as mais importantes para o futuro do país. Porque entendo que pais e professores podem fazer a diferença. Porque entendo que pela primeira vez alguém está a atacar os vírus e as bactérias de um sector fundamental da acção do Estado. Porque entendo que todos devemos dar um contributo para que não ganhem as posições corporativistas de quem se sente diminuído nos seus privilégios. Porque entendo que a escola pública ainda tem solução e não quero fazer parte dos pais que têm de recorrer ao ensino privado, pois não é para isso que eu pago os meus impostos.

Espero que agora tenha percebido.

Cumprimentos,
De Aventuria a 31 de Julho de 2006 às 17:59
Minha cara E.E

Acredite que não tenho qualquer raivinha " aos enc . de educação, pelo contrário sempre procurei que os enc . de ed. dos meus alunos fossem interventivos e participassem na vida escolar dos seus educandos, o que infelizmente nem sempre ocorria, pois como deve saber, somente uma minoria participa na vida escolar dos seus educandos. Desses, sim, tenho eu alguma raivinha ", pode acreditar.

Mas não estamos aqui para um duelo de palavras para ver quem ganha.. não é essa a minha intenção...
Porém, bem sabemos que numa guerra o mais fraco perde sempre e, neste caso, o fraco é sem dúvida a classe docente, agora estou a reflectir sobre a situação da educação em geral e não em relação à sra , propriamente dita. Gostava que lesse uma entrevista que saiu este domingo na revista do jornal de notícias, acerca da situação da escola e da classe docente.

E então porque não um blog a criticar o sistema de saúde pública? Ou então a criticar o sistema judicial, esse sim ... ufa é de bradar aos céus!!
De uma E.E. a 1 de Agosto de 2006 às 13:19
Cara Aventuria,

Não tive oportunidade de ler a revista do J.N. neste Domingo, mas vou ver se ainda a encontro!

Quanto aos encarregados de educação que não participam na vida escolar dos seus educandos, nem me fale…tem ideia da desilusão que é gastarmos imenso tempo a preparar uma reunião de pais, convencidos da imensa utilidade da mesma e da ajuda que podemos dar para que tudo funcione melhor (tenho esta mania de achar que a nossa escola também é da responsabilidade dos pais…) e depois poucos aparecem? Enfim… olhe que também sinto uma certa “raivinha deles”. Acho que me compreende. E se há pais que não podem comparecer por razões perfeitamente atendíveis, há outros que (acredite que já me o disseram na cara…) não aparecem porque têm uma aula de aeróbica naquele horário! Enfim. Mas depois querem “tudo feito”…

Por ultimo: não diga que a classe docente é a parte mais fraca, pois nem estamos numa guerra, nem nada se faz sem os professores. Apenas somos muitos com opiniões diferentes, mas isso é bom para a democracia, digo eu.

Aceite os meus melhores cumprimentos e, se fizer um blog sobre a justiça ou a saúde diga-me, que eu lá estarei a participar!

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