Blogue de uma Encarregada de Educação

Arquivos

Setembro 2006

Agosto 2006

Julho 2006

A Ver:

Posts recentes

Há algumas coisas que me ...

Coisas que nunca mudam

Professores portugueses s...

O medo dos pais

Sugestão

Curiosidades...

Férias e muita brincadeir...

"Apenas" uma sondagem

Maria de Lurdes Rodrigues...

Hoje não aplaudo o Minist...

Associações de Pais e Enc...

Bitaites há muitos. Opini...

Homenagem aos bons profes...

Maria de Lurdes Rodrigues...

Sindicatos dos professore...

Educação e Cidadania anda...

A Memória Curta e os Sind...

Debate Nacional sobre Edu...

Dar Futuro ao Interior / ...

Concessão de equivalência...

Explicações : ou a insufi...

Ainda as Tecnologias

Novas Tecnologias

Professores incapacitados

Ainda sobre euros - Refei...

Apenas algumas das mudanç...

Porque estou contente com...

Posts favoritos

Apenas algumas das mudanç...

Maria de Lurdes Rodrigues...

Bitaites há muitos. Opini...

Professores incapacitados

Educação e Cidadania anda...

Dar Futuro ao Interior / ...

Quarta-feira, 26 de Julho de 2006

Educação e Cidadania andam de mãos dadas

Quantos de nós conhecemos indivíduos recheados de habilitações académicas, mas que depois verificamos serem uns estafermos no seu dia-a-dia? Não participam nas reuniões de condomínio, não sinalizam as manobras que fazem na estrada, não têm autocontrole sobre os seus ímpetos, não têm respeito sobre as opiniões nem os espaços/direitos dos outros, não participam na vida politica (nem que seja ao menos cumprindo o dever/direito de votar), etc. Isto só para dar alguns exemplos dos que mais me aborrecem...

Para mim “Educar” é um processo de transformação do animal humano num cidadão pleno. Assim: quem educa é a sociedade.

Educa através das entidades especializadas (escolas, universidades) e através das palavras dos pais e das acções dos pais.

Mas também educa através de todos os seus membros, em todas as latitudes e longitudes, a todo o momento.

A sociedade educa através dos livros, das empresas, dos jornais, dos programas de televisão (ai…famosas telenovelas!), da rádio, do desporto, das igrejas, da tortura dos prisioneiros políticos…

Assim, cada um de nós é um professor a serviço da sociedade ou contra ela, em função dos valores estabelecidos. E tal facto é óbvio: o homem é um ser social e a sua vida não tem sentido se não estiver inserida na sociedade.

Todos somos responsáveis pela sociedade que temos, portanto.

Percebo, por isso, quando alguns professores vêm para a praça pública reclamar que se espera da escola mais do que aquilo que ela pode dar. Sem dúvida. Os professores não têm uma varinha mágica que eduque para o ambiente, a sexualidade, a alimentação, a prevenção de incêndios, para o direito à diferença, para a não discriminação, para a democracia. (Alguns deles são mesmo a antítese dessa “educação”: veja-se os fóruns de professores que há na Internet e a forma como eles se insultam mutuamente sem qualquer decoro…)

O que já não percebo é que sejam eles, professores, os primeiros (de uma forma mais encapotada ou mais óbvia, conforme a sofisticação) a sacudir a água do capote quando lhes é imputada alguma responsabilidade.

O que não percebo é que não queiram aceitar a evidência de que também são responsáveis pelos resultados dos alunos. Que não percebam que, como nós, em qualquer actividade, são (também) responsáveis pelos resultados. Que não percebam que É PRECISO PENSAR A EDUCAÇÃO.

Que não percebam que a sua avaliação, séria, apenas vai favorecer os que são bons e penalizar os que são maus, e que isso só pode ser bom para a classe e para todos.

E não venham dizer que é sobre “esta avaliação” que estão contra. Os professores querem viver sem NENHUMA AVALIAÇÃO. Que sabedoria esta a destes senhores…que está acima de todos e de qualquer instância.

Todos nós sabemos que os professores são os primeiros a quererem correr com os pais da escola, por exemplo. Basta ver o que dizem entre eles, a chacota que fazem em alguns blogs sobre os pais menos habilitados academicamente, o folclore da simulação de “cartas de avaliação” cheias de erros ortográficos.

Eu sei que pais que não sabem ler nem escrever podem ser excelentes educadores. Estes Srs. “professores” não sabem isso. E sei interpretar português, pelo menos o suficiente para perceber que na proposta da Sra. Ministra não se trata disso, de "cartinhas". Eles não interpretam o português, eles reformulam o que está escrito (e muita comunicação social vai no jogo) conforme o que lhes dá mais jeito para a acção de propaganda.

O que não percebo é o MEDO. Falta muita cultura democrática a esta classe. Não aceitam ser criticados. Não querem ser postos em causa. (E eu que educo as minhas crianças a porem tanta coisa em causa…)
sinto-me:
publicado por uma E.E. às 22:48
link do post | COMENTAR | favorito
8 comentários:
De Cidadã consciente a 29 de Julho de 2006 às 12:20
Ex.ma Senhora,

Disse, e muito bem, que quem educa é a sociedade. Mas logo abaixo, as suas críticas são só para os professores. E os pais, que trabalham todo o dia e quando chegam a casa não querem saber dos filhos? Que não lhes impõem a ordem? Sobra para os professsores, que em vez dos 1, 2 ou 3 filhos que a senhora possa ter, têm aos 27 ou 30 de uma vez só.
Se eu acreditasse em tudo que vem na televisão, também acreditava que os professores nada fazem e que são um grupo privilegiado. No entanto, quem vive de perto com a realidade de ser professor, através de familiares e amigos, sabe que não há nada mais longe da realidade.
Como em todas as profissões, há bons e maus profissionais. E infelizmente basta haver um mau profissional numa escola com 80 professores para estarem todos no mesmo saco. Basta um faltar que são todos faltosos.
E quanto a avaliação, informe-se acerca da quantidade de relatórios que tem que fazer no final do ano, as inspecções que fazem e as satisfações que têm que dar ao Conselho executivo.
Os resultados dos alunos são frutos que ele colhem do resulado do ano lectivo. Verifica-se que os alunos estão cada vez menos empenhados e cada vez mais mal educados. ANtigamente havia pautas com alunos com avaliação final de 5 a todas as disciplinas. Hoje ter um 4 chega-lhes (comentário dos próprios alunos).
Resta-me desejar-lhe uma boa aventura educativa e que seja mais conscientes sobre aquilo que fala.
É uma profissão desgastante que nos merece todo o respeito e que a cada ano que passa é cada vez mais mal tratada.

De uma E.E. a 30 de Julho de 2006 às 04:56
Exma. Sra.,

Agradeço imenso o seu comentário.

A referência aos pais, que somos todos, incluindo professores, está lá…e é como diz: existem pais que não querem saber dos filhos e infelizmente, até pior do que isso! Também por isso afirmei que concordo quando
dizem que esperamos mais da escola do que aquilo que ela pode dar…

Pessoalmente não espero que a escola venha substituir nenhuma das responsabilidades que me cabem, pelo contrário, mas também não vou aceitar tudo o que o sistema de ensino me atira de bandeja, sem pestanejar, sem um olhar crítico, como se fosse uma heresia falar dos professores, que não se querem sagrados nem consta que saibam fazer milagres.

Quero dizer-lhe que o seu comentário veio lembrar-me uma coisa que já tinha pensado fazer; escrever sobre os bons profissionais e, por várias razões:
1.º Pelas saudades que tenho de alguns professores que tive (veja o que escrevi na “Adenda ao 1.º post”, se faz favor); 2.º Pelos amigos que tenho professores e que foram certeiros na profissão escolhida, pois não lhes falta vocação nem competência; 3.º Por familiares que tenho professores, sendo que um já foi director de um dos melhores e maiores colégios do País; 4.º Por causa de alguns professores do agrupamento em que estou envolvida enquanto encarregada de educação.

Apenas o tempo não dá para tudo e não era essa a finalidade deste blog. Como sabe, a finalidade deste blog (está expressa no 1.º post) ainda me vai dar muito que escrever. Felizmente! Há muito boas razões para aplaudir este Ministério.

Por agora resta-me afirmar que não formulo os meus juízos “por tudo o que vem na televisão”, como diz. Convivo de perto com essa realidade. Não tenha dúvidas. É mesmo por conhecer de perto essa realidade e por conhecer os bons, que os maus profissionais me desgostam bastante. Sabe…o direito à indignação? Ainda há instantes encontrei na net um “texto” de um professor identificado (nome, escola, fotografia dos filhos e tudo!) e que, às tantas, quando falava na avaliação, dizia o seguinte e passo a citar: “Regras na avaliação de professores: se o pai do puto dá nota positiva e a mãe dá nota negativa, o amante de um dos dois desempata”. Expliquei-me? Acha que alguém o pode levar a sério? É pedir muito que os nossos educandos tenham professores “à séria” na escola e palhaços no circo? Eu acho que não. Deixo-lhe um desafio: se a profissão de professor é cada vez mais mal tratada, como diz, já pensou se não será por culpa de “colegas” como esse? Ou seja, se a razão de tal mau trato não virá de dentro da classe e não de quem está de fora? Olhe que eu acho que é. Pense nisso.

Quanto à actual avaliação, penso que não tem razão alguma. Assim, igualmente pegando nas suas palavras, pergunto-lhe: se é verdade que há bons e maus professores e, por outro lado, a avaliação que têm já é muito exigente (tudo como diz), explique-me porque é que nenhum até hoje teve nota negativa numa avaliação…estou aberta a perceber isso.

Melhores cumprimentos,

Comentar post

mais sobre mim

Menu

1.º ciclo

1.º post

Adenda ao 1.º Post

Associações de Pais

Avaliação

cavaco silva

cidadania

curiosidades

debate nacional sobre educação

encerramento de escolas

ensinar e meritocracia

escola

exames de Química 12.º

faltas

Ministra da Educação

mudanças

opinião

pais

parecer

paulo sucena

professores

prolongamento do horário

Refeições escolares

sindicatos

sondagem

tecnologias

todas as tags

Pesquisar neste blog

 

Setembro 2006

Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30

subscrever feeds

blogs SAPO