A propósito dos exames de Química da primeira fase já muito foi dito. Não sendo a minha área e, dado o facto dos deputados da oposição presentes na AR no dia da discussão desta matéria… apenas me terem esclarecido sobre a sua falta de educação, não pude deixar de procurar as opiniões de quem realmente sabe do que fala.
Perguntei a uma amiga, licenciada em Química e professora do 1.º Ciclo, a opinião dela, mas infelizmente ainda não tinha visto as provas…apesar de estar “contra”, pelo que tinha ouvido dizer…
O Prof. Doutor José Teixeira Dias é professor catedrático de Química, e completa este ano, 40 anos de serviço (26 na categoria de professor catedrático), como docente universitário e investigador na área de Química-Física Molecular.
Elaborou um parecer sobre este assunto e que passo a transcrever.
Assunto: opinião sobre o exame de Química, 12º ano, prova nº 642
Sou professor catedrático de Química, completando, no decurso de 2006, 40 anos de serviço (26 na categoria de professor catedrático), como docente universitário e investigador na área de Química-Física Molecular. Desde 1991, sou Fellow da Royal Society of Chemistry (FRSC), tendo me sido atribuído, desde então, o título Chartered Chemist (CChem), após análise do meu curriculum vitae.
Tendo sido confrontado com notícias vindas a público sobre a prova de Química em epígrafe, entendo dever apresentar, no melhor do meu conhecimento científico, opinião sobre os referidos exames:
1. Nenhuma das questões da referida prova vindas a público se encontra ferida de erro científico.
2. Nas questões 3.1, 3.2 e 3.3 do grupo II da prova 642, recorre-se a um esquema químico para representar uma reacção de formação de um polímero e evidenciar, de modo claro, a unidade estrutural de repetição do polímero.
3. Tal esquema químico é designado por “equação química”, mas a possível ambiguidade inerente a esta designação no referido contexto é de imediato desfeita no próprio texto que precede as perguntas, quando se afirma: “A formação de polímeros de cadeia linear (novolac) ou reticulada (baquelite) depende das quantidades de fenol (a) e de formaldeído (b) usadas.” Esta afirmação revela, de modo inequívoco, o entendimento que deve ser dado aos coeficientes a e b .
4. Aliás, a apresentação formal e devidamente acertada desta equação química de polimerização confundiria certamente o estudante e constituiria, isso sim, uma verdadeira “ratoeira”, na medida em que deveria introduzir no segundo membro um coeficiente que artificialmente corrigia a correcta indicação da unidade estrutural de repetição do polímero.
5. Talvez por esta razão não seja frequente a apresentação, em conceituados livros de Química, de equações químicas de polimerização estequiometricamente acertadas.
6. Mais declaro que, na minha opinião, esta prova não contém erros científicos.
José J.C. Teixeira Dias
Leiga na matéria, para mim uma coisa é certa: antes UMA opinião de quem sabe o que diz do que MILHARES de bitaites de quem sabe muito de propaganda mas nada sabe daquilo que se trata.
Este parecer pode ser encontrado aqui:
http://www.gave.pt/2006/quimica642_fase1_parecer.pdf
De prof a 30 de Julho de 2006 às 22:04
Na sua procura de respostas esqueceu-se de consultar a página da Sociedade Portuguesa de Química (http://www.spq.pt).
Nesta página pode encontrar tópicos interessantes sobre o assunto.
Atentados ao Choque Tecnológico? - De “Reforma” em “Reforma”..até à Aposentação final.
Desabafo de uma Professora sobre a prova 642/1ªfase de 2006
Comentário à prova 715 (1ª Fase) – Exame de Físico-Química
Um erro básico não detectado na prova de Química, na opinião de Alessa...
Será que esta sociedade não “sabe do que fala?” e o conteúdo deste portal resumem-se a bitaites?
De
uma E.E. a 31 de Julho de 2006 às 13:47
Exma. Sra.,
Antes de mais agradeço-lhe as informações que me trouxe. Eu não me esqueci dessa página simplesmente porque não a conhecia. E não nos podemos esquecer daquilo que nunca chegámos a saber. Embora leiga na matéria, já está nos meus favoritos e continuarei a visitá-la. É sempre bom encontrar espaços onde se fala do que se sabe. Deve concordar comigo que a comunicação social não ajudou muito ao entendimento desta questão, muito menos os deputados da nação. Aliás, já passei o link desse portal para aquela minha amiga que refiro no meu post e que também o desconhecia.
Li sobretudo com atenção o “Desabafo de uma Professora sobre a prova 642/1ªfase de 2006”, pois o parecer que publiquei é relativo a essa prova.
Ajude-me a perceber: a sua colega professora, que leccionou Química ao 12.º ano, e foi correctora da mesma prova, fala dos alunos do “ano de ninguém”. Dos que “não pertenceram à nova reforma nem à antiga”. Dos que “Foram sujeitos a um exame novo, de que pouco ou nada sabiam, enquanto os seus colegas “repetentes” realizaram uma prova da qual tinham um número incontável de provas modelo. Vão agora a concorrer a par ao ensino superior em manifesta desigualdade.”
Devo concluir que essa sua colega foi a favor da excepção criada pelo Ministério, ou seja: a favor da repetição das provas, certo?
Melhores cumprimentos,
De prof a 31 de Julho de 2006 às 23:09
“Deve concordar comigo que a comunicação social não ajudou muito ao entendimento desta questão, muito menos os deputados da nação.”
Na minha opinião, e reafirmo única e simplesmente na minha opinião, a comunicação social parece andar pelas horas da amargura. Nos temas em que estou por dentro verifico uma grande imprecisão (para não chamar outra coisa) devido ao desfasamento que verifico entre as notícias apresentadas e a realidade por mim observada. As vezes até acho piada ver/ouvir os jornalistas que falam de todos os assuntos de uma maneira como que se fossem especialistas de todas as matérias (e com conhecimento de campo e tudo... devem ser os jornalistas polivalentes). Isso deixa-me muito reticente sobre as restantes notícias .
Relativamente aos deputados em particular e aos políticos em geral... a minha é tão negativa para com a totalidade deles que é melhor ficar calado.
Relativamente a questão “Devo concluir que essa sua colega foi a favor da excepção criada pelo Ministério, ou seja: a favor da repetição das provas, certo?” eu prefiro não concluir nada uma vez que a colega nunca se refere ao facto em causa. Assim apenas posso tentar descodificar as afirmações a que se refere:
“fala dos alunos do “ano de ninguém”. Dos que “não pertenceram à nova reforma nem à antiga”.”
Já quando eu a 3 anos atrás leccionei a disciplina de 10º ano de CFQ brincava com os meus alunos afirmando que eles nem eram carne nem eram peixe.
Os alunos que realizaram a prova de 12º ano foram apanhados por uma enorme trabalhada resultante da transição entre dois governos de cores diferente governos.
O governo 1 aprova a mudança de programa e as editoras de forma célere dedicam-se a produzir os manuais com base nas indicações fornecidas pelo mistério da educação.
“Cai” o governo e entra o governo 2.
1ª medida do governo 2 foi suspender a reforma do governo 1 (não sei se bem se mal). As editoras ameaçam processar o governo e pedir uma indemnização choruda.
Então qual a solução encontrada pelo governo 2?
Leccionar o programa novo na estrutura curricular do velho. Até parece que não tem nada de especial... mas... o programa novo foi elaborado com base numa carga semanal de 3 blocos e a estrutura curricular “velha” apenas contemplava 2 blocos semanais... daqui se pode inferir sobre como foi a situação que esses alunos viveram quer no 10º ano quer no 11º ano. (alunos que nem eram carne (nova reforma) nem eram peixe (velha reforma).
“Foram sujeitos a um exame novo, de que pouco ou nada sabiam, enquanto os seus colegas “repetentes” realizaram uma prova da qual tinham um número incontável de provas modelo.
Na minha opinião e repito novamente é apenas uma opinião, a colega apenas esta a referir-se a recusa por parte do ministério de facultar aos alunos do 12º ano dos programas novos uma prova modelo para que eles atempadamente soubessem a estrutura da prova/tipos de competências que lhes eram pedidas. (alias como aconteceu na outras pseudo reformas anteriores).
Assim estes alunos já vêm sendo “marginalizados” pelo Ministério da Educação desde o seu 10º ano de escolaridade.
Relativamente aos erros ou não das provas posso acrescentar apenas o seguinte.
Embora seja da área prefiro que os especialistas da matéria se pronunciem.
Assim temos a afirmar que a prova contem “UM ERRO BÁSICO NÃO DETECTADO NA PROVA DE QUÍMICA”o professor ...
Alessandro Gandini ,Professor de Química Física, “Classe Exceptionnelle”, Aposentado do Institut National Polytechnique de Grenoble, França, Actualmente Investigador Coordenador CICECO, Universidade de Aveiro
e da mesma universidade a afirmar que “na minha opinião, esta prova não contém erros científicos. O professor ...
José J.C. Teixeira Dias professor catedrático de Química, completando, no decurso de 2006, 40 anos de serviço (26 na categoria de professor catedrático), como docente universitário e investigador na área de Química-Física Molecular. Desde 1991, sou Fellow da Royal Society of Chemistry (FRSC), tendo me sido atribuído, desde então, o título Chartered Chemist (CChem), após análise do meu curriculum vitae.
(Nota: tdias@dq.ua.pt dq departamento de Química; ua Universidade de Aveiro.)
Como o publico alvo são alunos do 12º ano e não catedraticos a questão ñ devia constar no exame.
De prof a 31 de Julho de 2006 às 23:13
Não tive espaço :( mais links.
Sociedade Portuguesa de Física. www.spf.pt
Associação Portuguesa de Química www.apm.pt
De
pandora a 3 de Agosto de 2006 às 15:30
Sobre o programa de Química tb sou leiga... eu sou de inglês. E digo-lhe que passámos de um programa rico e muito interessante para um outro que apenas repete temas já tratados no 3º ciclo. E depois queixam-se que os alunos não estão motivados...
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