Para gáudio de muitos: hoje estou aborrecida com o Ministério da Educação!
Li uma afirmação do Sr. prof . Paulo Sucena (mas ainda podemos considerar alguém professor quando não lecciona há décadas? A partir de hoje, no que diz respeito ao tratamento que dou ao excelentíssimo, está-lhe retirado o epíteto de professor, tenho dito) dizia eu, li hoje uma afirmação do dito “Sr. profissional dos sindicatos há uns 30 anos” que nos dava a fantástica novidade: “- podemos fazer mais um dia de greve, dois, três, quatro, os que forem precisos!”
Eu acho bem. Assim como assim, as greves são a única altura em que os professores faltam à escola mas não recebem o dia. Isto, porque dado o laxismo do sistema todos sabemos que há sempre uma maneira de justificar a habitual faltita e por isso os euros entram à mesma na conta do docente. Sendo assim: ao menos quando estão de greve não sai do erário público pagamento nenhum…
A minha ideia é a seguinte: mais semana, menos semana de aulas, acaba por não fazer muita diferença, pois os prejudicados são sempre os mesmos: OS ALUNOS!
Claro que, como estes profissionais dos sindicatos não ignoram (nessas matérias são muito empenhados, pudera, sobra-lhes tempo livre…), os prejudicados também são, como sempre, os ENCARREGADOS DE EDUCAÇÃO. E como sofrem! Vemos os nossos educandos com menos aulas do que as previstas inicialmente, com os reflexos que daí advêm no seu sucesso escolar… E muitos dos pais são obrigados a faltarem aos seus trabalhos porque não têm onde deixar os jovens. E não há que ter vergonha de o afirmar, ou ter qualquer sentimento de culpa – é a verdade muitas vezes trágica!
Por isso, quanto aos prejudicados estamos falados. Lá vamos indo…
Vinha isto a propósito de hoje estar particularmente aborrecida com o Ministério da Educação.
No passado ano, o Governo reduziu o número de professores a exercer funções sindicais a tempo inteiro de 1327 para 450. Não houve comentador político que não elogiasse a medida, desde a esquerda à direita, pois como sustentar 1327 pessoas a viverem à sombra do sistema no estado em que o país está?
Acontece que ontem os sindicatos de professores chegaram a um acordo com o Ministério da Educação quanto à distribuição dos 300 docentes que irão exercer funções sindicais a tempo inteiro. O acordo não me espanta nada (mais vale um pássaro na mão…) e acho bem. O que me surpreende é o número de Srs. e Sras. que vão exercer a tempo inteiro funções sindicais! 300?!
E quem paga? O erário público. Se o Estado gastava anualmente com estes docentes cerca de 20 milhões de euros em salários, agora parece que vai passar a gastar “apenas” oito milhões de euros…Oito milhões de euros? Terei lido bem? Ora…deixa lá ver…isso dava para quantos aquecimentos nas escolas que não têm…quantos computadores…etc., etc. Por isso estou zangada com o Ministério.
E não me venham com a lengalenga do discurso economicista. Do Estado exige-se rigor e contenção com os dinheiros que são de todos. Quando é que vão perceber?
Para os mais lerdos, não digo que não tenha de haver sempre lugar para docentes a exercerem funções sindicais a tempo inteiro. Claro que sim. A função sindical é das mais nobres conquistas civilizacionais que nos trouxe o 25 de Abril. Assim como o instituto da greve. Mas, meus amigos: o abuso do direito deve ser penalizado. Senão juridicamente (não estão reunidos os pressupostos), então politicamente! Estes senhores precisam saber que muito do eleitorado que vota nos partidos que sustentam ideologicamente a maioria dos sindicatos dos professores (e muita vocação têm os professores para a função sindical: já repararam na quantidade astronómica de sindicatos que têm em comparação com as outras áreas profissionais?!), precisam de saber, dizia eu, que muitos desses eleitores andam a pensar melhor onde depositar o seu voto na próxima vez que formos às urnas!
Não é o eleitorado de direita ou aquele que nunca vota que sente o “abuso” da actuação dos sindicatos! (Ou porque esse já pensava assim há muito tempo, ou nem pensa nada de relevante no caso dos que não votam.) É o eleitorado de esquerda que começa a ficar fartinho (mas fartinho mesmo) de tanta desconsideração dos que, obcecados por uma guerra sem qualquer sentido, andam a ter por nós!
De mãe-3-filhos a 2 de Agosto de 2006 às 16:15
Minha Sra.,
Tem toda a razão. Subscrevi o RSS e muito contente fiquei ao ler o que escreveu. Sabe? É que nunca ninguém diz isso. Parece que nós, pais e mães que trabalham (e sobre as mães recaiem ainda mais críticas) temos de sentir vergonha quando dizemos que não temos onde deixar os nossos filhos quando os professores fazem greve! (classe que mto respeito, mas onde há elementos que não têm por nós respeito algum)
E ainda se espantam por nascerem poucos bebés neste país!
E também concordo consigo quando diz que os direitos dos sindicatos não estão em causa: o que está em causa é que andam a abusar desses direitos! E o abuso do direito também é uma ilegalidade.
Bem haja e continue!
(Uma mãe trabalhadora e com 3 filhos, todos no ensino Público)
De 1.Pai.de.Évora a 2 de Agosto de 2006 às 16:41
Cara uma E.E.:
A senhora fez-me lembrar um comentário do Miguel Sousa Tavares uma vez na TVI, a próposito do Paulo Sucena...muito em me ri. Um em que ele chamava a atenção para o homem já andar nessas vidas há tantos anos k é obvio já nada saber acerca de dar aulas. Viu esse Jornal da Noite? É um amor ao tacho do caraças e muito pouco amor pela função de ensinar (no que diga-se, duvido que tivesse vocação).
Enfim, lá temos nós que levar com mais umas greves: não pode pedir ao menos aí no seu blog para eles nos informarem nas datas com antecedência? É que assim ainda mudava as datas das minhas férias e poupava chatices à familia toda.
Cumprimentos,
Um pai de Évora
De Reflexões... a 3 de Agosto de 2006 às 02:45
1. Se o Sr. prof . Paulo Sucena não serve para defender o ensino porque não da aulas no 1º 2º 3º ou Secundário, então que dizer da ministra que nunca lá leccionou e é quem tutela?
2. Uma greve que não faz mossa tem que impacto? Quando os transportes fazem greve não transtornam os cidadãos? Se não conseguem arranjar onde colocar as crianças como fazem nas interrupções lectivas? Ou nessas interrupções também faltam ao trabalho?
3. A justificação de faltas por parte dos professores é uma consequência do ECD. 3 faltas não justificadas (seja qual for o motivo) e pode-se ser exonerado do lugar que ocupa.
4. O número de sindicatos existentes é útil ao estado. Apenas 6 (na realidade são 2 mas divididos por 3 regiões) têm quase a totalidade da adesão dos professores e esses normalmente não dizem “sim senhora ministra”. Depois o governo diz que terminou as negociações em que apenas x sindicatos se opuseram mas y (e y >>> x) estava de acordo. Outra vantagem é que assim nunca estão todos de acordo (técnica ancestral dividir para conquistar) ... esperem um pouco ... a ministra conseguiu colocar todos de acordo num assunto... eu preferia ter zero sindicatos que funcionasse como ... a ordem médicos etc... mas acho que o estado não está interessado nisso.
5. Ok eu sou contra os sindicatos em geral... mas se estamos numa de reduzir custos então porque é que os cargos políticos continuam a aumentar?
E a propósito ... quantos professores não estão nas escolas por estarem a desempenhar cargos políticos (nas juntas/câmaras etc...) e são substituídos? Alguns de forma sistemática ao longo dos anos.
De
uma E.E. a 4 de Agosto de 2006 às 14:47
Caro leitor/a:
Agradeço-lhe o seu comentário, pois teve o mérito de conseguir expressar algumas ideias…quer se concorde, ou não. Eu não concordo e passo a enunciar porquê.
1.º O Sr. Paulo Sucena não defende o ensino. Defende os interesses corporativos dos funcionários do Estado que representa. E os interesses dos professores podem não coincidir com o que é melhor para o ensino. Aliás, se coincidissem, para que raio existiriam 19 sindicatos dos professores?
2.º Eu não disse que o dito Sr. não servia para vos representar. Quem paga as quotas do sindicato e se sente representado é que o pode dizer. Eu até acho que ele vos representa muito bem! É uma amostra clara de alguns profissionais do ensino que temos!
3.º Tem toda a razão quando parece defender que uma greve para fazer efeito tem de fazer mossa, tem de transtornar os cidadãos. Onde não tem razão é quando não percebe que a greve também deve ter a opinião pública do seu lado. Deve ser explicada, justificada e justa! Caso contrário só vai provocar revolta. E, no caso de algumas pessoas, como eu, que não questionam um milímetro da utilidade do instituto da greve numa sociedade democrática, até provoca tristeza. Porque sentem o abuso de alguma coisa que lhes é muito querida. Aliás, deixo um apelo ao grande senhor do sindicalismo português, Dr. Carvalho da Silva, por quem tenho um enorme respeito, para que ponha ordem na casa…para que não abusem das conquistas que demoraram décadas a conseguir neste país.
Como já percebeu, e ao contrário de si, e cito-o/a: “ok eu sou contra os sindicatos em geral...”, eu não sou contra. Muito pelo contrário. São fundamentais para a Democracia. São uma conquista que celebro pessoalmente todos os 1.ºs de Maio. São um marco na História que, para acontecer, custou a vida a muitas pessoas. E os meus educandos já têm bem presente essa realidade.
A verdade é que nem todas as pessoas são politizadas o suficiente, para NÃO CONFUNDIREM o facto de discordarem da atitude dos sindicatos dos professores neste caso concreto, neste tempo e neste lugar (como é o meu caso) com o facto da existência dos Sindicatos, sua necessidade e o seu papel insubstituível.
Por isso tudo, estes Srs. “paulo’s sucena’s e companhia’s Lda.” estão a correr um grande risco: porem a opinião publica contra todos e qualquer sindicatos, apenas porque nesta luta concreta percebem que estes não Têm razão alguma!
Quanto à sua pergunta: “Se não conseguem arranjar onde colocar as crianças como fazem nas interrupções lectivas? Ou nessas interrupções também faltam ao trabalho?”, faça o seguinte: se é professor/a, pergunte isso mesmo aos pais dos seus alunos. Vai perceber que tenho razão em tudo o que agora lhe disse.
Melhores cumprimentos,
Uma Encarregada de Educação.
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nota: Para o sr. anti_eduques que me escreveu a comentar este post, tem a sua resposta no site http://fotos.sapo.pt/umaEE. Não o publiquei aqui porque este espaço é PARA FALAR DE (COM) EDUCAÇÃO, e o sr. não cumpre os requisitos mínimos. Apesar disso, respondo-lhe lá nessa página, porque confesso que me divertiu…
Não vou tecer comentários individuais aos posts, mas sim um comentário global ao seu blog. Sou professor e gosto de ver a outra face (por vezes escondida, por vezes desinteressada ou eventualmente superprotectora) dos alunos, ou seja, os seus encarregados de educação. É verdade como afirma que os prejudicados do costume são sempre os mesmos, ou seja, OS ALUNOS. Mas deixou-me confuso com a frase "E muitos dos pais são obrigados a faltarem aos seus trabalhos porque não têm onde deixar os jovens." Então, já não são só os alunos, mas também os ENCARREGADOS DE EDUCAÇÃO. Cara E.E., todos nós que pertencemos e fazemos parte da vida dos alunos, somos prejudicados com as alterações não fundamentadas, implementadas pela ministra... TODOS... Encarregados de Educação, Professores, Auxiliares da Acção Educativa e principalmente os ALUNOS. Se em vez de atirarmos pedras uns aos outros, tentarmos aprender com as experiências de todos, teremos um mundo melhor para as nossas crianças crescerem. É só um reparo a posts anteriores da sua autoria. Para finalizar uma questão: Na avaliação feita pelos Encarregados de Educação, quem será que REALMENTE nos vai avaliar? Vou ser sincero, se for um EE, não me importo e até acho razoável... Para finalizar, espero que responda a este comentário de outra forma que não referenciando o meu IP e o tempo de escrita deste post, ou através da ironia e sarcasmo. Não é essa a ideia que tenho dos EE que têm passado pela minha vida como docente... Espero que a sua resposta reforce a boa imagem que guardo dos EE. Obrigado.
De
uma E.E. a 4 de Agosto de 2006 às 18:52
É que não imagina mesmo a minha alegria por ter vindo aqui lembrar que existem professores que guardam boa imagem dos EE!
Não é que eu desconheça a vossa existência, mas ficarei sempre contente quando marcarem aqui as vossas posições, eventualmente diferentes – ou mesmo radicalmente opostas das minhas – demonstrando a colegas menos éticos que é assim que se deve estar na vida, sem qualquer ofensa e com todo o respeito, como V. Exa. o veio fazer.
Respondendo à parte em que confessa que eu o deixei confuso. Não tem porquê…! Repare que, mesmo antes da minha frase que citou, eu escrevi: “…os prejudicados também são, como sempre, os ENCARREGADOS DE EDUCAÇÃO.” (Claro que não são só os alunos. Claro que também são os encarregados de educação. E logo a seguir explico porquê…)
Quanto ao pedido que me faz, sobre a forma que iria usar para responder ao seu comentário. Caro Sr. prof.: se tiver paciência para ler as respostas aos comentários que já publiquei irá constatar “de que massa fui feita”. E perceberá que, se nesse caso usei de um método pouco ortodoxo, é porque algo mesmo de muito “estranho” (para não lhe chamar outra coisa) aconteceu. E, antes que me venha perguntar mais pormenores, quero-lhe dizer outra coisa. A minha melhor defesa para o sucedido seria fazer um post com todos os comentários que nunca aqui publiquei, que se apresentam como assinados por professores, e que são de uma falta de educação e de respeito, simplesmente assustadora! (Assustadora não para mim, mas quando penso nos alunos menores com que lidam) Mas não o farei. Sabe porquê? Porque isso sim, seria fazer uma campanha contra os professores, e percebeu que não é isso que me move. Porque isso sim, seria da maior injustiça possível. Porque isso sim seria usar de uma “arma” para acusar TODA UMA CLASSE de falta de educação, quando isso seria do mais mentiroso que há (mesmo que eu não o escrevesse, haveria sempre gente que ao lê-lo assim julgaria). Porque isso sim, seria fazer um jogo sujo: pegar numa pequena amostra de 40 comentários insultuosos e poder dizer: - olhem, olhem como são estes senhores! Não seria eu a mal vista. Seria toda a vossa classe. Não contem com isso. Respeito-me muitíssimo e à minha família para entrar nessas parvoeiras. Por isso, olhe, terá de confiar em mim (e também não é ingénuo…imagine) para aceitar estas razões e perdoar-me o meu sentido de humor…porque rir, neste caso concreto, foi irresistível.
Espero que volte sempre,
Cumprimentos.
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