Muito se disse sobre a ida da Sra. Ministra à A.R . dar explicações sobre a polémica decisão de mandar repetir os exames de Física e Química. Não vou tecer considerações sobre a oportunidade da decisão. Outros falarão com mais propriedade. Mas quero tecer considerações sobre a demagogia feita por muitos deputados e a falta de urbanidade de alguns.
Ficou claro que apenas entenderam aquela ida à Assembleia como uma oportunidade de se vingarem das batalhas, todas perdidas, ao longo destes 16 meses… (E eu que votei toda a minha vida no partido de um elemento da A.R . que usou da palavra da pior maneira!) Ficou claro que nenhum soube explicar o que teria feito melhor para “remendar” o mal provocado por reformas em cima do joelho herdadas de governos anteriores.
Eu, que acredito que os políticos “não são todos iguais”; eu que acredito que são insubstituíveis (como poderá a sociedade organizar-se em democracia sem políticos?); eu que acredito que há vários que trabalham pela gestão da pátria pensando no melhor para todos…fiquei desarmada perante os cépticos da política, pois estes deputados não se dignificaram…não nos dignificaram!
Mas há surpresas boas que se têm! Ainda há pensadores livres, mesmo dentro das máquinas partidárias! Ainda há quem defenda o que considera mais justo, sem pensar se isso lhe trará votos ou não! É um desses exemplos que me ocorreu citar, para os que ficaram desiludidos com os nossos deputados pelas mesmas razões que eu:
Ex-ministro de acordo com a tutela na questão dos exames de Física e Química / notícia no D.N.
David Justino, ex-ministro social-democrata da Educação, elogiou a forma como a actual ministra Maria de Lurdes Rodrigues geriu a questão dos exames de Física e Química.
"No plano político, fez-se o que se deveria fazer: tratar como excepção o que parece ter sido excepcional e tentar atenuar os prejuízos que essa excepção provocou", escreveu David Justino, actual assessor para os assuntos sociais do Presidente da República, num artigo de opinião publicado no número de Agosto da revista "Pontos nos ii".
David Justino alertou para eventuais "erros de concepção dos testes" e para a necessidade de avaliar se os exames "correspondem ao 'standard' exigível e ajustado aos programas, ao ensino e às disciplinas".
Depois de feita essa avaliação, acrescentou, devem retirar-se "as ilações políticas que as circunstâncias exijam".
Frisando saber, "por experiência própria", que "não há ingerência política nos serviços de exames", David Justino sustentou que "se os erros e os desajustamentos persistem então a política tem de actuar".
David Justino criticou as "carpideiras de serviço" que insistem em misturar os planos técnico e político e que "mesmo sem conhecer o morto choram por estranho efeito de contágio".
No seu artigo, o ex-ministro da Educação critica a "elite bem pensante e mediática" que "aproveita para dissertar sobre o cataclismo das negativas que alguns títulos e notícias pintam de negro" sem antes analisar os resultados reais dos exames.
Nota para os apressados a retirar conclusões: Não, não acho que tenha sido um bom ministro, antes pelo contrário. A satisfação que as suas palavras me trouxeram foi por ter tido a prova de que ainda é possível ter um pensamento próprio dentro das máquinas partidárias e não subordinar as intervenções públicas às exigências da agenda política. (E como é mais fácil estarmos juntos numa imensa carneirada...)
debate nacional sobre educação