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Terça-feira, 29 de Agosto de 2006

Curiosidades...

Ainda estamos de férias, mas tinha de vir aqui contar umas "curiosidades". Ontem à noite jantámos com um casal de suecos e um casal de franceses. Sendo que a mulher francesa era professora e todos temos filhos, foi inevitável a  conversa acerca da escola.

Nunca tive tanta dificuldade para fazer alguém entender o que eu dizia. E garanto-vos que o problema não estava nos idiomas falados!

Tentava eu explicar as polémicas resultantes da introdução do prolongamento do horário escolar no 1.º ciclo do ensino básico, assim como as polémicas sobre as aulas de substituição...

Foi tremendo.

Não sendo eu uma "especialista" desta área, nem uma profissional da educação (sim...que as duas coisas, decididamente, não se confundem!), pois sabem os caros leitores que nesta matéria sou apenas uma Encarregada de Educação, nunca me informei acerca de como se passavam as coisas noutros países...Se eu soubesse onde me estava a meter teria ficado calada. Acontece que passei o tempo a tentar fazer entender O PORQUÊ da reacção dos professores a estas medidas...e não devo correr muitos riscos de me enganar se disser que foi em vão, pois nenhum entendeu como estas mudanças não poderiam ser pacificas.

Já perceberam, portanto, que fiquei a saber que nos países deles estas duas realidades são indiscutíveis! O prolongamento, por exemplo, é até às 18 horas e há tanto tempo que existe que eles nem sabiam responder quando começou. A seguir às aulas, as crianças têm  desporto, tecnologia, artes plásticas...  Senti-me um bocadinho "mulher das cavernas" por no meu tempo a escola publica deixar-me sair do seu espaço quando eu muito bem entendia (coisa que, felizmente, já não se passa hoje), assim como por os nossos filhos, até esta ministra da educação, serem expulsos da escola a partir das 15 horas , como se os pais não trabalhassem, como se não tivessem de trabalhar...

E porque este post apenas trata de curiosidades, sabiam que em França os professores apenas ganham 12 salários por ano? Eu não. Ou seja: que não recebem 13.º mês, nem subsídio de férias? Sabiam que têm reuniões com os E.E. trimestralmente, das 17h 30m às 21h 30m (!), para que não colidam com o horário profissional dos pais? E que até ao 9.º ano (o equivalente ao nosso 9.º ano, melhor dizendo) o Director de Turma tem reuniões com os pais ao Sábado de manhã (!), pela mesma razão, com o objectivo de dar os boletins das notas no final do trimestre e falar individualmente acerca dos alunos? E voltando aos salários, fiquei a saber que um professor com 12 anos de serviço e 18 horas semanais aufere 2 mil euros... Ora, sabendo que só têm 12 salários por ano, foi a minha vez de me encher de orgulho nacional e afirmar que ganham mais cá... Ainda por cima,  trabalham no feriado do Corpo de Deus e não é pago!!!

Chega de escrita e vou apanhar sol com os petizes. Boas férias!
sinto-me:
publicado por uma E.E. às 10:10
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20 comentários:
De Luísa Novo a 29 de Agosto de 2006 às 18:32
A sua amiga esqueceu-se de referir que as actividades dos alunos depois das aulas eram asseguradas pelas autarquias e os professores limitavam-se a receber as inscrições e ainda que, à quarta-feira nenhum aluno tem aulas.
De uma E.E. a 30 de Agosto de 2006 às 09:11
Em França, de facto, nenhum aluno tem aulas às 4.ªs feiras da parte da tarde. Em algumas escolas "primárias" até há aquilo que se chama a semana de 4 dias, quer dizer, aulas na 2ª, 3ª, 5ª e 6ª (portanto, sem a 4ª de manhã e sem o sábado de manhã). Mas estas escolas começam o ano escolar UMA SEMANA MAIS CEDO, acabam-no UMA SEMANA MAIS TARDE e têm UM DIA OU DOIS A MENOS NAS OUTRAS FÉRIAS, para compensar o tempo de classe. Para as classes "normais" as aulas de 4ª feira terminam ao meio-dia (ou 11h30, depende das escolas) e não há actividades (escolares ou extra-escolares) à tarde e os profs não ficam lá na escola.
No colégio (como se chama do 5º a 9º ano), não há aulas à 4ª à tarde, mas PODE haver actividades extra-escolares (ateliers de dança, teatro, desporto, leitura, etc...); a maior parte dos colégios tb não trabalham aos sábados de manhã.

Quanto ao que diz sobre as Autarquias, o mesmo pode acontecer em Portugal. Os despachos são claros quando estipulam que as Autarquias, assim como as Associações de pais, podem, em parceria e articulação com o agrupamento ou de forma autónoma, quando tal parceria não for possível, organizar as actividades extracurriculares. Quanto aos recursos humanos necessários ao funcionamento das actividades referidas, em situação de parceria, podem ser disponibilizados por QUALQUER dos parceiros.
De Luísa Novo a 30 de Agosto de 2006 às 23:13
O melhor, antes de dizer que os alunos franceses têm menos férias que os portugueses, era informar-se sobre o calendário escolar francês. Têm 6 períodos intercalados com férias. É só procurar http://www.education.gouv.fr/pid184/le-calendrier-scolaire.html?annee=2&dept=
De uma E.E. a 31 de Agosto de 2006 às 11:16
O melhor, antes de dizer que eu disse o que eu não disse, era ir aprender a ler.
Em nenhum lugar (explicita ou implicitamente) escrevi que os alunos franceses tem menos férias que os alunos portugueses.
Assim, numa explicação “para loira”, digo-lhe o que a sra. devia ter lido (caso soubesse interpretar o que está escrito em português): reafirmei a sua afirmação de que em França nenhum aluno tem aulas às 4.ªs feiras da parte da tarde e, até acrescentei que há alguns alunos que nem têm aulas às 4.ªs feiras da parte da manhã! A seguir expliquei que esses alunos – os da “semana de quatro dias” – são compensados com outros tempos lectivos para terem o mesmo número de aulas, o que, naturalmente, provoca alterações ao calendário normal e explico quais...é quando escrevo as únicas palavras onde parece ter fixado a sua atenção: “- têm um dia ou dois a menos nas outras férias, para compensar o tempo de classe”.

Já agora, porque percebi pelo seu site que ou é brasileira ou teve educação brasileira, espero que tenha tido uma bela aprendizagem da língua francesa, para que, caso queira, possa ir ao site que VOCÊ MESMA INDICA, confirmar as informações que escrevi aqui.

Logo no primeiro paragrafo da primeira página ( !!!) está escrito: "Pour les élèves des écoles maternelles et élémentaires publiques, certains départements adoptent la semaine de quatre jours ou une autre forme de semaine aménagée avec un calendrier scolaire différent du calendrier scolaire national."

Aqui encontra um link (http :/ eduscol.education.fr D0113 calderog-synth-enq2006.pdf) onde confirmará tudo o que eu escrevi e muito mais! Há turmas a começarem o ano lectivo a 24 de Agosto, a 25 de Agosto, a 28 de Agosto, a 29 de Agosto, etc., etc. Terá percebido agora...(?) Cansativa a explicação...
De Prionace Glauca a 30 de Agosto de 2006 às 01:15
Desde já afirmo que não sou professor, mas já que o título destas linhas é “Curiosidades” deixei-me embeber pelo espírito e fui satisfazer a minha curiosidade até à tabela salarial dessa classe portuguesa que tanto ganha e nada faz, ou que pelo menos por aqui tem essa fama.
Ora bem, então ao que me foi dado a perceber, um professor que comece no escalão 112, passados 12 anos, a leccionar, claro, ganhará então qualquer coisa como 1.424 euros brutos, e digo, brutos. Ao que julgo, de momento os docentes, visto na sua totalidade entrarem ao serviço já com licenciatura, começam a carreira no escalão 126, logo passados 12 anos ganharão um pouco mais, uns agradáveis 1.603 euros, e mais uma vez realço, brutos. Ora bem, também pelo que percebi, estes valores são para horários completos, logo se leccionarem com um horário de 18 horas, os valores, brutos, e logicamente líquidos, serão inferiores aos atrás mencionados. Tomando como exemplo os 2.000 euros líquidos pagos pelas tais 18 horas, mesmo que de 12 + 2 (férias/13º mês) vencimentos e após impostos, não se poderá dizer que um professor português com 12 anos de serviço e horário de igual duração ganhe muito mais, ou até mesmo mais, ou talvez mais acertadamente, ganhe o mesmo.
Mas como disse, não sou professor, não estou muito por dentro das remunerações auferidas pelos mesmos, somente perdi 5 minutos a olhar para a tabela salarial, que é oficial, para não correr o risco de estar para aqui a dizer baboseiras.

Já agora aproveito para dizer que está engraçado, este seu blog, diria que até mesmo muito divertido. Não é divertido quando por vezes se fala do que não se sabe?

Obrigado pela oportunidade de comentar no seu blog, e sinceros desejos de uma boa continuação de férias.

PG


De uma E.E. a 30 de Agosto de 2006 às 12:16
Caro leitor,

Não acuso a provocação que me dirigiu acerca do divertimento provocado pelo facto de se falar do que não se sabe. No entanto, confesso que o seu comentário me divertiu. (Mas por outras razões, evidentemente.) Achei muita graça que tenha perdido somente 5 minutos a olhar para a tabela salarial (eu confesso que ainda não a vi, mas prometo a mim mesma fazê-lo, e vou levar mais tempo, com certeza) e que não tenha percebido, nas suas perspicazes deduções, que terá de ser cruzada com outras informações que não estão lá presentes. Como em tudo, interpretar dá trabalho, a não ser para os génios, que seguramente não será o meu caso, mas parece-me obvio que também não é o seu. De facto, o leitor afirma :” Ora bem, também pelo que percebi, estes valores são para horários completos, logo se leccionarem com um horário de 18 horas, os valores, brutos, e logicamente líquidos, serão inferiores aos atrás mencionados.” Muito bem, então o que é que acha que acontece quando o professor vai “envelhecendo” e, consequentemente, tendo menos horas de trabalho? Passa a ganhar menos? Nada mais errado. Ganha mais! Esta senhora francesa que referi no meu texto, por exemplo, tem 48 anos. (Aliás, onde eu julgo que me enganei foi nos anos que a senhora tem de carreira...mas falarei ainda com ela e, se tiver de corrigir o que escrevi, com certeza que o farei com todo o gosto.) Olhe que o meu post pode ser criticável sobre muitas perspectivas, mas o seu raciocínio “lógico”, que julga imune a qualquer baboseira, também não está isento de erros.

De floreca a 30 de Agosto de 2006 às 08:02
Nunca gostei de informações mal dadas.
1º , em Portugal, com 12 anos de serviço trabalham-se, no mínimo, 22 horas semanais. Para chegar às 18 horas de trabalho, só aos 45 anos de idade, o que dá mais de 20 anos de serviço, na maioria dos casos.
2º, e como pode comprovar nesta tabela salarial http://www.fenprof.pt/DynaData/SM_Doc/Mid_115/Doc_610/Anexos/tabelas_2005.pdf (não encontrei a de 2006, mas os aumentos não são significativos), um professor aqui ganha muito menos.
Com 12 anos de serviço estará no 5º/6º escalão, se já for efectivo! O vencimento mais alto desses escalões anda na ordem dos 1200€. Significam 16800€ anuais (14 meses). Os 2000€ vezes 12 meses significam 24000€. Nem tem comparação!!!

Quanto às reuniões com os pais, fora de horas, tenho a dizer-lhe que, nos meus 20 anos de trabalho já experimentei muitas opções, como sábados, noites, fins de tarde, horário normal e cheguei (como todos) a uma conclusão simples: os pais interessados vão às escolas a qualquer hora; os outros, nunca vão. Caso não saiba, também, está previsto na nossa lei faltar ao trabalho para poder assistir a reuniões nas escolas dos filhos.

Infelizmente, acho que a maioria dos EE, e da população em geral, têm uma noção muito errada da nossa carreira. É pena. Já agora, como bónus: hoje estou de férias mas vou à escola trabalhar, pediram-me ajuda num determinado assunto: ninguém me vai pagar o dia. Como muitos outros que lá passo fora do meu horário.

Um bom resto de semana, com mais tempo virei ler mais neste blogue:-)
De Prionace Glauca a 30 de Agosto de 2006 às 13:37
Cara Floreca,

Passo a indicar a tabela até Dezembro de 2006:

http://www.sepleu.pt/legisla_ecd_indices_escaloes.html

Como poderá verificar os valores indicados são brutos, mas comparando, e no seguimento do que escreveu, as diferenças não são realmente de todo significativas.

Uma boa continuação das suas férias ;)

PG
De floreca a 30 de Agosto de 2006 às 08:05
Faço uma rectificação: os valores mais elevados andam nos 1300€, que correspondem a 18200€ anuais (14 meses).
De uma E.E. a 30 de Agosto de 2006 às 10:56
Cara leitora, também eu não gosto de informações mal dadas. Dei uma informação correcta (quanto ganha a tal senhora francesa) e retirei uma conclusão possivelmente errada (que cá se ganhava mais). Caramba, se não é assim acho muito mal, acredite. Com mais tempo verei a tabela que gentilmente me indicou, mas desde já faço fé no que me diz. Interessante será ver quantas dessas horas são efectivamente passadas na escola. Não tenha duvidas de que corrigirei aqui qualquer opinião que tenha dado e que verifique não estar correcta e, desde já, agradeço a sua chamada de atenção.

Quanto aos pais que não vão à escola, junto-me já a si nas criticas. Já aqui contei que uma mãe me disse na cara não poder ir a uma reunião de pais porque tinha aula de aeróbica naquele horário! É verdade que muitos pais não têm interesse, ponto final. (E olhe que alguns desses pais ausentes, por vezes, para meu espanto, também são professores!) Assim como há outros pais que vão a reuniões à noite, mesmo transportando consigo bebés pequenos, porque não têm onde os deixar, não deixando que isso perturbe o cumprimento dos seus deveres. Mas acredite em mim quando lhe digo (e agora sou eu que sei muito bem do que falo) que, embora a legislação permita que se justifiquem as faltas ao trabalho para o encarregado de educação poder ir às reuniões, que isso, na prática, significa despedimento na certa, mais cedo ou mais tarde, para o trabalhador em causa. E as mulheres, mães, que trabalham no sector privado, seja em que área for, sabem muito bem que isto é verdade. Por isso seria muito bom se a escola fosse mais sensível à realidade.
De floreca a 30 de Agosto de 2006 às 16:55
Acho muito boas estas discussões, ajuda quem está "de fora" a entender o que se passa dentro das escolas. O meu intuito foi apenas o de esclarecer, nada mais.

Quanto ao número de horas efectivas nas escolas, eu dou-lhe o meu exemplo: tenho 20 anos de serviço, tenho 20 horas lectivas por semana.
No último ano lectivo tive 20 horas de aulas efectivas + 3 horas de apoio a alunos + 2 horas que foram variando ao longo do ano, conforme as necessidades (substituições, trabalho a nível de escola, tutoria de alunos). Juntam-se a estas as horas de reuniões que, sobretudo durante o 2º período, me ocuparam várias tardes.
A isto acrescenta-se o trabalho de casa: preparar aulas, fazer testes, corrigir testes, trabalhos, etc, etc.
Garanto-lhe que, apesar dos meus 20 anos de serviço, ganho muito menos que a sua amiga em França!

Vi num dos comentários uma referência ao subsídio de refeição que recebemos: cerca de 70€ mensais, não é muito significativo e corresponde ao valor que pagamos se comermos na cantina da escola (como acho lógico).

Convém esclarecer que não me estou a queixar. Gosto do que faço e não tenho intenções de mudar.
Mas gosto, sobretudo, que não tenham ideias erradas acerca de nós.
De uma E.E. a 31 de Agosto de 2006 às 11:34
Cara Floreca,

Agradeco-lhe deveras que me tenha respondido e mais ainda as palavras que escreveu: "Gosto do que faço e não tenho intenções de mudar." Para quem está "de fora", como eu, nem imagina as saudades que essas palavras me trazem dos meus belíssimos momentos passados na ESCOLA, com tantos professores inesquecíveis !
De JulioReis a 30 de Agosto de 2006 às 14:06
Conheço bem a Suécia e é como diz. Não passa pela cabeça de ninguém não existirem aulas de substituição quando um professor falta!! Aqui os alunos ficam pela escola sem nada para fazer ou vão para a rua fazer disparates, dependendo das circunstâncias. Acho bem que os professores entreguem um plano de aula quando sabem que vão faltar e que o sistema seja capaz de os substituir. Não só para que as matérias sejam efectivamente dadas, mas para que os alunos não sejam "abandonados" nos horários das aulas, como todos os perigos que tal acarrecta. Como pai isso preocupa-me muito. Continuação de boas férias!
De MariaP a 30 de Agosto de 2006 às 15:14
A sua amiga esqueceu-se de dizer que em França os professores NÃO GANHAM SUBSÍDIO DE REFEIÇÃO, como felizmente acontece cá em Portugal. Na hora de fazer as contas isso faz muita diferença. Ainda por cima as coisas lá são muito mais caras, a começar pela alimentação.
De MariaP a 31 de Agosto de 2006 às 11:50
Preço de uma refeição para um professor numa cantina em França: 3,60 Euros. Numa semana de 23 dias custa 83 Euros. Dava jeito receber o subsídio. Não pode pedir ao seu grande amigo Paulo Sucena para ensinar aos sindicatos franceses como é que se conseguem estas benesses todas???
De uma E.E. a 31 de Agosto de 2006 às 12:03
Cara amiga,

No seu exemplo somos nós portugueses que devemos estar orgulhosos de tratarmos melhor os professores do que lá fora. E não acho uma benesse, mas um direito. O rosto desses direitos, quanto a mim, não são Paulo's Sucena's e compªs Ldas ...estão nessa zona politica, sem dúvida, mas a um nível muito, muito mais elevado!
De Suaveneno a 11 de Setembro de 2006 às 00:09
Olá!
Estive a ler o post publicado e alguns comentários.
Sou professora de 1º Ciclo e foi um dos meus sonhos licenciar-me neste curso.
Segundo o que li nos comentários deste blog, vi que os temas passaram um pouco por tudo: prolongamento, salários, a boa vida dos professores e muito mais...
A verdade é que eu este ano vou trabalhar em prolongamento e nem imaginam a minha felicidade, pois estive um ano em casa sem emprego, embora tivesse procurado muito. O prolongamento no estrangeiro existe faz muito tempo, e digo que são muito mais exigentes a nível disciplinar do que cá em Portugal.
Quanto aos professores não fazerem nada, isso é mentira, porque para além de trabalharmos na escola o dia inteiro ainda temos que trabalhar em casa, as pessoas pensam que temos muitas férias, mas são férias com reuniões, porque férias propriamente ditas é o mês de Agosto, e sem falar nos concursos que são neste mês e outras actividades.
Quanto ao salário ganho pelos professores, esta semana no Telejornal, deu uma reportagem sobre um estudo realizado no qual consta que os professores portugueses são os terceiros ou quartos mais bem pagos da Europa. Bem isso não sei se é verdade, mas tem que ter em vista que o salário que ganham depende das horas que trabalham.
Bem para terminar as pessoas leigas falam muito acerca dos professores, e todos gostam de dar opinião, eu então pergunto. Se a vida de professor é tão boa como dizem, ou se é tão fácil ser professor porque é todos os que dizem isso não optam por ser professores. As pessoas falam porque não tem mais nada que dizer, e acho engraçado encarregados de educação que nem capacidade têm para educar os filhos e outros que nem mereciam os ter vir dar opiniões acerca dos professores, ou qualifica-los de uma maneira ou outra.
Bem vou dormir que já se faz tarde...
Beijinhos...

De uma E.E. a 12 de Setembro de 2006 às 12:53
Cara Suaveneno,

Os meus parabéns pelas duas confissões que faz: ter concretizado o seu sonho e estar feliz por ir trabalhar no prolongamento!

O meu conselho, se me permite, é que seja contida na revelação dessa felicidade (prolongamento) aos seus colegas, porque pelo jeito que a coisa leva, a senhora ainda vai ganhar alguns inimigos, nada aconselhável no local de trabalho...

Igualmente, se me permite, dou-lhe outro conselho: retome a sua leitura dos posts, pois em nenhum lado está escrito ou subentendido “os professores não fazerem nada”, “terem uma boa vida” ou qualquer questão relativa às férias dos mesmos. Tenho pena de não escrever aquilo que a senhora gostava que eu escrevesse, mas realmente eu só sou responsável pelo que digo e não pela imaginação fértil da leitora.

Quanto aos pais incompetentes, só espero que a senhora não faça parte do grupo! Sim, porque a ser coerente no seu raciocínio vai ser uma MÃE AUSENTE da escola: no infantário, no 2.º e 3.º ciclos do ensino básico, no secundário...

Habitue-se às criticas e comece por ler melhor (o próprio estudo de que fala também refere a carga horária...e não se trata da "europa", mas da OCDE...leia o outro post que escrevi). É muito nova para ser tão adversa à participação democrática e ao debate de ideias!

Boa sorte para o seu ano lectivo!
De Pedro Santos a 19 de Setembro de 2006 às 10:29
Hoje estou deveras emocionado. Encontrei mais uma prova de que Portugal ainda não saiu da revolução de 1974, embora já tenham passado 32 anos. Parece-me que ainda estão a fazer a "reforma agrária" do ensino. Se não concordamos com os chefes, independentemente de eles serem qualificados, destituímo-los dos cargos e nacionalizamos as empresas. É a ditadura do proletariado sobre as elites. Quem nada sabe de uma matéria, basta ter opinião para mandar. Como em Portugal o povo não pode mandar em quem quer, usa os professores como bode expiatório, ou seja, "ah! estes intelectuais desgraçados, o que é que eles sabem... mandam em mim na empresa, nos serviços públicos, em todo o lado, mas estes, ah! estes... estes vão pagar."
A senhora entende o debate democrático de ideias quando todos têm direito a um voto, não é? Então se um professor for para um debate de ideias, acha que os pais são só um? Quando se decide a escola não se tem em conta o peso eleitoral dos pais em vez do futuro dos meninos? Cada professor tem sobre si, em números redondos, 300 pais (7 turmasx25 alunos=150; cada aluno dois pais...) não acha um pouco desproporcionada a luta democrática?
A protecção do professor deverão ser as instituições e as regras estabelecidas, escritas, e não a subjectividade da avaliação pessoal, que enferma de muitas variáveis sociais, comportamentais e de índole transitória.
De Pedro Santos a 19 de Setembro de 2006 às 10:13
Cara EE (já que não sei o seu nome, e EE pode ser qualquer um).
Esta troca de galhardetes não é de todo benéfica, nem para pais nem para professores.
Tomando uma posição politicamente correcta, digo que ambas as partes têm culpa na matéria, mas passo a explicar um meu ponto de vista.
Nem todos os pais são professores, mas a maior parte dos professores são pais. Os pais querem avaliar e ditar como o professor deve trabalhar, mas não aceitam que lhes digam como ser melhores pais.
Sou Professor do 1º Ciclo e Professor de Educação Física, e nesta área dizem-nos que, para melhor moldar os comportamentos sobre quem avalia (árbitro), deverão passar pela experiência de ser árbitro. Então estarão munidos de um conhecimento intrínseco sobre o porquê de tal falta, de tal admoestação verbal ou disciplinar, etc.
Parece-me que utilizar os exemplos estrangeiros para justificar o que se passa cá dentro não será a melhor opção. O que deveríamos, a ser verdade, é defender os professores franceses e não diminuir os professores portugueses. Quem lida com 150 alunos... é verdade, 22 horas semanais lectivas, 3 horas por semana por turma dá 7 turmas. 7 turmas x 20 alunos dá 140 alunos, é obra. Junte a isto planificações para cada turma, avaliações para cada aluno, reuniões, planificações de unidades didácticas, planificações mensais, semanais e diárias, projectos curriculares, alunos com dificuldades de aprendizagem ou de desenvolvimento das suas capacidades físicas, alunos com necessidades educativas especiais, faz com que ser professor seja uma tarefa hercúlea. Existem atitudes que devem ser moldadas, mas daí a dizer que um professor ganha muito, é um completo desfasamento da realidade. Sabia que os militares têm desconto nos comboios? Sabia que os funcionários do Min . da Justiça não pagam transportes? Sabia que os professores pagam tudo do seu bolso? Sabia que muitas vezes é o professor que compra os materiais para os meninos poderem trabalhar? Sabia que é o professor que muitas vezes usa o seu computador, impressora, tinteiros e papel para fazer fichas de trabalho e material de apoio às aulas? Sabia que um professor também tem reuniões até às 21H30? Sabia que não sabia?...
Ser professor é uma actividade muitas vezes desconhecida. É como tomar banho no mar, pensamos que sabemos tudo sobre ele, e no entanto é um universo de mistérios por desvendar. Para os desvendar é preciso unirmo-nos com ele, tornarmo-nos um só.

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