De Joana Silva a 6 de Setembro de 2006 às 11:54
A politica partidária é que domina a agenda dos colegas dos sindicatos, e não a defesa do Ensino. É normal, estão a cumprir a função para a qual foram criados! No entanto, também acho que andam a exagerar ultimamente. Não tenho medo nenhum da avaliação dos pais; como professora do ensino privado sempre fui avaliada pelos pais (uma queixa fundamentada tem reflexos na Direcção do Colégio, acredite) e nunca me dei mal por isso. Se defendemos a Democracia também temos de defender a Participação dos cidadãos a todos os níveis, nomeadamente a participação dos pais na escola.
De Professora a 6 de Setembro de 2006 às 19:57
Não tenho medo da avaliação dos pais, nunca tive. Raras foram as vezes que a minha relação com os meus alunos foi má, raríssimas, posso contá-las pelos dedos.
No entanto, sim, já existiu um EE que queria à viva força que eu passasse o filho (faltava apenas a nota da minha disciplina para ele passar pois, de acordo com uma lei que muitos não conhecem, o aluno poderia aproveitar todas as notas do ano anterior (tinha tido 4 negativas) e ter positiva apenas a uma dessas disciplinas para passar sem problemas) e eu não lha dei porque ele não merecia - estudou apenas no último período, teve apenas um teste positivo durante o ano todo, passava todas as aulas apático, mentalmente fora da aula, os trabalhos que me entregou vieram cheios de erros, com casos de plágio claro... Lembrou-se apenas no fim. Não lhe dei o 3. A mãe do rapaz telefonou-me e tratou-me mal, disse que ela queria que o filho estudasse (!!!!!) e que havia muitos alunos que tinha passado com 4 negativas (o filho dela tinha tido 6 negativas neste ano em que fui professora dele) e que eu era isto e aquilo , quando finamente se calou e eu comecei a falar, desligou-me o telefone na cara.
Por acaso o CE apoiou-me. Destes pais eu tenho medo pois não são capazes de me avaliar convenientemente.
Mas, de qualquer forma, a avaliação os EE nem tem um peso assim tão importante na avaliação final dos professores e, por isso, como não tenho medo dela, não peço para a retirarem do novo Regime Legal da Carreira Docente.
A única coisa que peço, cara EE , é que não diga que apoia uma Ministra que quer acabar com as reprovações e com os trabalhos de casa (que decerto sabe serem extremamente importantes), que quer tirar toda e qualquer força aos professores para impor disciplina na sala de aula, só lhe peço para não fazer isso.
Porque eu apoio um novo tipo de avaliação docente, com exames, avaliação do meu trabalho - o trabalho não me assusta, nunca me assustou), mas não uma avaliação que me pune por eu partir uma perna no ano em que posso obter finalmente o meu último Excelente para poder progredir numa carreira, não uma avaliação que me diz: sim, tu és excelente, mas como só podem passar X professores, tu ficas para trás. Isso não.
Espero que a cara EE vá à escola várias vezes, saber do seu filho, e, por favor, se tiver algo a dizer contra algum professor, ou mesmo a questionar sobre esse professor, não o faça à frente do seu filho pois muitas vezes os EE não têm consciência do que é estar perante 26 ou 27 alunos e impor uma disciplina para depois os (alguns, claro) pais destruírem tudo por trás falando mal dos professores à frente dos seus educandos.
E no fundo tem alguma razão ao falar sobre os sindicatos. Muitas vezes os sindicatos apenas focam coisas que julgam ser o mais importante deixando outras coisas para trás. Mas, de momento, é o único que temos para nos defender. Não há uma Ordem dos Professores, pois, se a tivéssemos , não haveria decerto tanto desprezo por parte da sociedade para com os professores.
Peço desculpa por me ter alongado, mas acho que dizer simplesmente: Continue Sra. Ministra, não é correcto. Especialmente porque a ministra vais fechar mais de 1000 escolas obrigando assim muitas crianças, que suponho não ser o caso da sua criança, a percorrer dezenas de quilómetros em busca de uma educação. Acha mesmo que deve dizer: continue e não volte atrás nem uma virgula? Leu a nova proposta? Ou foi só pelo que viu na TV ? É que há muito mais na proposta do que o que se fala na TV , demasiado para se poder dizer: não volte atrás nem numa virgula. Ou será que, e espero que não, a senhora EE é apenas anti-professores ?
De
uma E.E. a 8 de Setembro de 2006 às 13:10
Cara professora,
Li o seu comentário com a atenção que merece, e peço que leia a minha resposta com a mesma postura, pois ainda acredito que da discussão, às vezes, se faz alguma luz...
Afirma que recusa uma avaliação que lhe diz “sim, tu és excelente, mas como só podem passar X professores, tu ficas para trás. Isso não.”
Ora, como deve saber, a essência de qualquer processo de avaliação é o seu carácter discriminatório. E, como deve saber, também, há professores excelentes, bons, medíocres e maus, como em todas as profissões. Sabe igualmente que até aqui a avaliação classifica todos como muito bons e que todos sem excepção sobem automaticamente ao topo da carreira... o que só pode ser uma gigante farsa, a verdadeira negação de qualquer processo sério de avaliação! Daí que as quotas sejam absolutamente essenciais para o processo de avaliação. Há que distinguir, discriminar, entre bons e maus, com recompensas para os bons e sanções para os maus. Não concorda? É nisto que consiste uma avaliação séria, seja em que organização for, e os professores deveriam ser os principais interessados em que essa discriminação (avaliação) se fizesse. Só assim será introduzida seriedade na vossa avaliação, pois é a única forma de a fazer depender do critério do mérito para subir na carreira.
Quanto à opinião dos pais, é como diz, será mínima, sem grande peso. Por isso, também, não se compreende a posição dos vossos representantes nesta matéria, nem o escandaloso alarido que muito fazem. E, usar de exemplos concretos de casos infelizes, comportamentos menos bons por parte de algum encarregado de educação, para afastar os princípios que estão em causa é “raciocinar ao contrário” e não leva a lado nenhum, pois outra pessoa pode dar outros exemplos que sustentem a opinião contrária. No plano dos princípios o Estado reconhece a todos sem excepção a capacidade e competência para avaliar e escolher quem nos governa, por isso não vejo como não pode aceitar que na avaliação dos professores esteja reflectida o ponto de vista daqueles a quem a acção educativa se destina, os alunos, assim representados pelos pais. Acredito que se o principio da participação dos pais na avaliação não se aplicar na escola pública estamos a retirar aos pais um direito fundamental: o de terem uma palavra a dizer sobre a educação dos seus filhos.
Relativamente ao que me “pede”, de nunca “falar mal” de um professor ao pé dos meus filhos, pode estar descansada, nunca o fiz nem nunca irei fazê-lo. Trata-se de uma questão básica de educação, tão obvia que nem requer explicação. A autoridade do professor é tão respeitada lá em casa como a dos pais, se quer saber. E não é assim pelo mérito de algum professor em concreto, é assim porque tem que ser, (é uma questão de principio). É assim porque todas as crianças precisam desse respeito, dessa autoridade, dos limites, da hierarquia, do “cada galo no seu poleiro”.
Finalizo, respondendo: para o fecho das escolas veja o meu post “Dar futuro ao interior / Reordenamento das escolas do 1.º Ciclo”, de 13/07/06 - está no "Menu" em encerramento de escolas. Para essa coisa do anti-professores ”, veja o post “Explicações : ou a insuficiência do 1.º Post ”, de 21/07/06 - está no "Menu" em Adenda ao 1.º post ... para perceber o absurdo da expressão que usou, parece nome de claque de futebol.
Um bom ano lectivo!
De
floreca a 6 de Setembro de 2006 às 23:11
Infelizmente os nossos sindicatos percebem tanto de escolas como eu de sindicatos.
Em vez de se preocuparem com o que realmente é importante, exigem que não sejamos avaliados pelos pais, apesar de esse ser um dos muitos pontos de avaliação.
Pelo meu lado, não vejo qualquer problema em que os pais me avaliem. Acho importante, isso sim, ver em que termos essa avaliação é feita. É preciso não esquecer que os pais não lidam directamente connosco, fazem-no através do que os filhos contam em casa... e nós sabemos bem como são os miúdos.
A avaliação, tal como estava, era extremamente injusta por ser baseada apenas no tempo de serviço (era praticamente automática).
Pelas últimas notícias que li, melhorou bastante em relação à proposta inicial. Espero que os sindicatos se preocupem agora em limar arestas e deixem de ser casmurros num ponto que, se calhar, nem é assim tão importante.
(ainda tenho de lhe responder a um comentário, mas o tempo não tem sido muito...)
Sou contra a avaliação que os EE poderão vir a fazer aos professores. Concordo com a teoria que está por detrás da ideia. Quanto à sua aplicabilidade, duvido que seja coisa séria. Ou seja, faz sentido que os pais tenham algo a dizer sobre o processo educativo dos seus filhos, nomeadamente avaliando os professores. Na prática, bem… do contacto que tenho tido com EE ao longo dos anos, sou levado a dizer que a esmagadora maioria deles se desmarcam descaradamente das suas funções educativas, demonstrando imaturidade e muita irresponsabilidade na postura que deveriam assumir para levar ao sucesso educativo dos filhos. A postura da maior parte dos EE é incompreensível para qualquer pai ou mãe que se preze, que seja responsável, que acompanhe os seus filhos. Aliás, os poucos EE sérios que existem, desconhecem esta realidade! Uma realidade que é reflexo da sociedade que temos e cuja mudança urge tanto. Qualquer professor que exerça a sua profissão de forma séria, não tem receio que os pais tenham algo a dizer sobre eles, sob a forma de avaliação, desde que esses pais sejam igualmente sérios no seu papel de educadores. E é aqui que a coisa falha! Informalmente, aqui e acolá, ao longo da nossa carreira, já fomos avaliados pelos pais, através de comentários. E ouvem-se coisas boas, confesso, quando vindas de pessoas sérias. Por isso, não é por aí que vem o medo. O medo vem dos pais pouco ou nada sérios, que interpretarão este seu novo papel de avaliadores, como uma forma de poder adquirido para manipular, punir e denegrir esse ícone da autoridade que é um professor. Não será o peso da avaliação em si, provavelmente insignificante, a gerar o receio, mas o efeito perverso que terá essa oportunidade para avaliarem. Fá-lo-ão publicamente, aos quatro ventos, em frente dos filhos, dos vizinhos, dos filhos dos vizinhos e, se puderem, para as câmaras de uma televisão. Minguar a autoridade dos professores será, rapidamente, uma missão generalizada para quem já perdeu, há muito, autoridade sobre os próprios filhos! Qualquer educador minimamente consciente, julgo eu, tem consciência da importância da autoridade (não se confunda com autoritarismo) na educação dos jovens, ainda mais quando se trata de grupos relativamente grandes de jovens! O receio dos sindicatos, bom, esse é outro… Quanto à Ministra da Educação, por mais correctas que possam ser as suas medidas, que são discutíveis, deita-as a perder nas atitudes e comentários, num ataque deprimente a uma classe profissional, a transbordar ódios e, possivelmente, recalcamentos. Que ataque os maus profissionais, que ataque a balda, que ataque o que está incorrecto, mas que não meta tudo e todos no mesmo saco! Assim, sou levado a desconfiar que, por detrás destas medidas todas, não estará uma vontade séria de melhorar o ensino, mas outra motivação qualquer, obscura…
De
uma E.E. a 12 de Setembro de 2006 às 14:23
Pedro,
É um gosto receber opiniões contrárias à minha, fundamentadas e sérias como a sua. Espero que perceba que NÃO estou a ser irónica. Obrigou-me a pensar. Faz todo o sentido o que diz. Infelizmente a maioria dos cidadãos adora um “escandalozinho”, como comprovam as taxas de audiências do jornal da noite mais pimba que temos na televisão portuguesa. O seu discurso (e estou a falar da avaliação) é muito interessante.
Mas como em tudo temos de ponderar a relação beneficio/prejuízo. E digamos que essa avaliação tem o beneficio de trazer os pais a participar do processo educativo dos seus filhos, não prejudicando todos os pais "sérios", só porque há alguns não o são, e pouco prejuízo, pois o que possa advir da utilização maliciosa do mecanismo, será sempre insignificante, pois o seu peso no processo também o é.
Decidir vai caber a quem legitimidade para tal. Só lhe digo ainda e outra vez que gostei bastante de saber a sua opinião, embora contrária à minha.
De Pedro Santos a 14 de Setembro de 2006 às 11:29
Primeiro vou tecer um comentário que pode parecer ostensivo e agressivo, mas aqui vai: não se deveriam permitir comentários anónimos, independentemente do sitio que seja, pessoal ou institucional. É tão fácil escondermo-nos atrás do anonimato. Quando estamos convictos daquilo que dizemos e escrevemos, devemos faze-lo de peito aberto e de espírito livre. Os pais não percebem o comportamento dos professores, dizem que são autoritários e não ouvem o que lhes dizem. Digam-me, quando estamos certos daquilo que fazemos, aceitamos a crítica dos nossos pares, de quem possui competência técnica, e esses são os outros professores, e nem todos. Cada ciclo de ensino possui a sua especificidade, e não basta ser professor para se saber tudo. Dizem que a Ministra está a fazer um excelente trabalho, mas eu vejo que ela é professora universitária, uma realidade bem diferente do 1º ciclo, no outro lado do espectro do ensino. Poderão dizer que na sua equipa estão docentes dos vários níveis de ensino, mas a cabeça mandante tem ideias próprias, e as que estão por baixo conduzem a política de maneira a satisfazer essas mesmas ideias. A discriminação positiva dos professores deve ser um facto, mas os critérios devem ser objectivos e claros, respeitando os pressupostos das leis de trabalho nacionais e europeias. Ouvi um representante da CONFAP arguir que os professores não comparecem às actividades propostas por eles fora de horas ou ao fim-de-semana. Mas antes de ser professor, também sou pai e marido, também tenho deveres familiares, e não devo criticar quem não se predispõe a trabalhar fora de horas. Quem quer vai, quem não quer não vai, mas daí a podermos ser avaliados por essas presenças...
Que outros mecanismos dispõem os pais para avaliar os professores:
- faltas - não é necessário, existem os livros de ponto;
- sucesso escolar - não é necessário, existem as estatísticas;
- simpatia - perigoso, depende do prisma de quem olha;
- rigor e competência - existem os mecanismos da escola;
Então, de que forma vão ser avaliados os professores pelos pais? Gostava de saber para poder contrapor.
De
uma E.E. a 15 de Setembro de 2006 às 22:34
Pedro,
Irei dar-lhe esses elementos, mas nesta semana o tempo foi terrivel, passou num instante, e não tive tempo nenhum para dedicar a este espaço.
Aliás, até aproveito para referir que tenho uma série de comentários de professores com ideias contrárias às minhas, que andam a pensar que não os publico apenas porque divergem do meu pensamento, mas não é por isso. Ainda não os publiquei porque, como lhes quero responder, não tenho tido tempo. Espero que aqui "nos encontremos" quando tal fôr possivel. Obrigado.
De Professora Andrea Barreto a 30 de Novembro de 2006 às 21:34
Sou Professora de Ciências no Brasil. Dou aulas para alunos do ensino fundamental ( entre 10 e 18 anos). Queria eu que aqui no meu país houvesse alguma forma de avaliar o Professor de modo justo, é claro ! Mas estamos engatinhando ou nos arrastando em educação. A qualidade é péssima, tão péssima que os nossos alunos têm famílias nulas - que não partcipam em nada da formação dos filhos. Quem pode pagar, coloca o filho na rede particular de ensino . Tem que haver algum tipo de avaliação, se não é como dizem aqui: "Você finge que aprende, que eu finjo que lhe ensino." Andrea
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