Domingo, 16 de Julho de 2006
Sim, também vou falar de dinheiro.
E não puxem já dos cabelos naquela atitude à beira do histerismo tão vista nos últimos tempos da parte de alguns agentes educativos... dêem lá o beneficio da dúvida.
Neste ano lectivo que agora terminou, assisti a uma pequena revolução na escola do meu educando. Noutros posts falarei do papel dos professores nessa "revolução" e nos efeitos que essa nova vivência proporcionou aos alunos. Por agora vou "apenas" referir como a minha e outras carteiras foram afectadas por este Ministério e, da consequente melhoria na qualidade de vida - que se reflectiu na melhoria das condições de aprendizagem dos alunos.
PROLONGAMENTO DO HORÁRIO ESCOLAR
COMO ERA A SITUAÇÃO ANTERIOR
Até então, porque a escola fechava às 15h, alguns alunos, privilegiados , iam passar o resto do dia para casa. Ou porque um progenitor / outro parente não trabalhava fora de casa, ou porque havia uma empregada a ir buscar o aluno à escola, ou porque... eram filhos de professores. Seria dos horários dos pais?
Esses eram os privilegiados, mas convém lembrar que também existia um pequeno número de alunos que iam para casa onde ficavam sozinhos largas horas, pois os pais estavam a trabalhar e não tinham condições económicas para sustentar as respostas privadas (e únicas até agora aqui na zona) para a ocupação daqueles tempos livres.
No meu caso, igual ao da maioria dos E.E ., o meu educando seguia para um A.T.L .
Muito bem: nesse espaço eram disponibilizadas aulas de Música, Inglês e Educação Física uma vez por semana, em dias alternados. Ainda sobrava tempo para muita brincadeira, artes plásticas e várias visitas de estudo e passeios.
Pessoalmente nunca me preocupei. A razão da minha criança ter de ir para um A.T.L . depois da escola terminar às 15h, não se prendia apenas e só com os horários profissionais, mas também com o meu conceito de "educação". Por exemplo, era fundamental para mim colmatar a ausência de Desporto Escolar, e as razões porque acho importantes as crianças terem noções de Música e de Inglês nestas tenras idades são tão evidentes que carecem de explicação...
Nunca tive a sensação de "depositar" a minha criança num espaço que apenas "cuidasse dele", mas sim a sensação excelente de o ver todos os dias a receber uma educação mais completa, sempre a despertar para novas realidades e experiências só possíveis de serem transmitidas por profissionais.
O carinho desta E.E . e dos outros parentes chegavam, como chegam hoje, ao fim da tarde, onde o acompanhamos ainda a outras actividades (faz dois desportos desde os 4 anos), depois fazemos os TPC e todas as outras rotinas até ao deitar.
Parece tudo bom, não é? E quanto custava ao orçamento familiar essa "educação mais global", não limitada aos currículos académicos " ? Ora, era coisa para uns 150 mensais. Se tivermos em conta que com o transporte da escola para o ATL a criança só chegava lá depois das 15h 30m (como eram muitos a carrinha fazia várias viagens), estamos a falar de umas 2 horas, duas horas e meia, passadas com o A.T.L. Um bocadinho caro, não acham? Talvez agora se perceba porque alguns pais eram obrigados a deixar as suas crianças largas horas sozinhas em casa... talvez agora se perceba porque há uns tempos atrás uma E.E ., que tem 3 filhos, me dizia: - sem ter horário de professor isto tornasse muito difícil!
COMO É A SITUAÇÃO ACTUAL
Actualmente estamos em férias escolares, mas durante todo o passado ano lectivo a situação mudou, e mudou para muito, muito melhor!
A escola passou a estar aberta até às 17h 30m para as actividades extracurriculares . Ver Despacho
A escola tem todas as condições físicas, de espaço, para ser aproveitada.
Há muitos professores sem horário completo e nas outras condições que o Ministério indica como aptos para serem afectos a este tipo de resposta.
Os "recursos humanos" é que na sua maioria, não gostaram nada da ideia! Infelizmente passaram-se episódios trágico-hilariantes que relatarei assim que puder. (Isto merece muita reflexão).
E, como prometi que neste post iria falar de dinheiro...já imaginam, não é? Todas as crianças do 3.º e 4.º anos (todas, se os pais assim decidirem, pois trata-se de uma actividade extracurricular , de frequência não obrigatória) passaram a ter aulas de Inglês, três vezes por semana, GRATUITAMENTE. Ver Despacho
Engraçado, ia falar de dinheiro e acabei por falar em IGUALDADE...o Estado, finalmente, ao cumprir o seu papel (aplicar o dinheiro dos nossos impostos ao serviço do cidadão), tornou acessível A TODAS as crianças aquilo que até este ano lectivo estava acessível APENAS A ALGUMAS...
Igualmente DE FORMA GRATUITA, a escola passou a fornecer tempos para a Música, a Educação Física, as Artes Plásticas. As crianças passaram a ter acompanhamento na feitura dos TPC . (E, sobre os TPC falarei mais tarde).
Finalmente, vi a escola pública a tentar cumprir o ideal de escola.
Finalmente, senti que dentro do espaço da escola também há espaço e tempo para brincar, jogar, aprender coisas diferentes que não o mero currículo . Afinal, se a Escola Pública é opção para alguns (cada vez menos "alguns") é a ÚNICA SOLUÇÃO para muitos (cada vez mais).
Finalmente senti que os nossos impostos andam a servir para alguma coisa...
sinto-me:
De Eu, pai a 27 de Julho de 2006 às 17:11
Pois, tal como lhe tinha prometido e na medida do possível, cá estou de regresso para ler e/ou comentar os seus escritos. Sobre este tema - Prolongamento do horário escolar - é muito curioso olhar a esta distância, quase um ano, para o que então foi dito pelos representantes (?) dos Srs. Professores, quer para o país em geral, quer a nível de cada Escola e/ou Agrupamento. É, nestes casos, muito mau, ter uma boa ou até razoável, memória! Aquilo que me lembro ter saído da boca dos responsáveis sindicais ia no sentido do "bota abaixo" puro e duro, porque, segundo eles era impensável, impossível e todos e quaisquer outros adjectivos começados pelo prefixo "in" = negação eram igualmente válidos!!!!!! E nem vos falo da "força de bloqueio" exercida sobre os pais - tentando, por todas as formas, ultrapassando tudo o que seria legítimo esperar, inclusivé tentando que os pais assinassem um documento em que ilibariam a escola da responsabilidade de quaisquer acidentes que viessem a suceder com as crianças, apesar da total ilegalidade de tal documento!!!!!! - e, neste caso, por um responsável de um Agrupamento e ao mesmo tempo dirigente sindical!!!!!!!
Que realidade temos nós, pais/encarregados de educação após o primeiro ano de implementação desta medida ? (para os medianamente inteligentes, não carece de explicação que o "pleno êxito" deste tipo de decisões nem sequer se pode avaliar ao fim de um tão curto espaço de tempo, mas, não vá o diabo tecê-las, aqui ficam as legendas...) O RESULTADO É MUITO POSITIVO E A EVOLUÇÃO REGISTADA TEM, OBRIGATÓRIAMENTE, DE SER MEDIDA ENTRE O QUE TÍNHAMOS ANTES E O QUE PASSÁMOS A TER. Onde se meteram, entretanto, os Srs. Sindicalistas? Pensam que nos esqueçemos do que então disseram?
Será que, também aqui, é preciso legendar o texto?
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De prof que concorda a 29 de Agosto de 2006 às 10:01
Sou professora do secundário, mas acima de tudo mãe e educadora. É evidente que concordo com a introdução do prolongamento do horário escolar na nossa antiga primária! Quero dizer à caríssima E.E . que, quanto a mim, os colegas do 1.º ciclo apenas discordaram do prolongamento porque veio trazer mais responsabilidades "à escola" e tiveram medo que a ministra os fizesse trabalhar mais tempo. Apenas isso. No fundo eles sabem que é óptimo para os filhos dos outros e deles também! Espero que percebam que estão numa batalha perdida e que a sociedade os faça entender da urgência de "uma escola a tempo inteiro". Basta "copiar" o que fazem os colégios privados que têm sucesso nas avaliações. Conhece algum que não esteja repleto de possibilidades/actividades extracurriculares? Cumprimentos.
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