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Terça-feira, 29 de Agosto de 2006

Curiosidades...

Ainda estamos de férias, mas tinha de vir aqui contar umas "curiosidades". Ontem à noite jantámos com um casal de suecos e um casal de franceses. Sendo que a mulher francesa era professora e todos temos filhos, foi inevitável a  conversa acerca da escola.

Nunca tive tanta dificuldade para fazer alguém entender o que eu dizia. E garanto-vos que o problema não estava nos idiomas falados!

Tentava eu explicar as polémicas resultantes da introdução do prolongamento do horário escolar no 1.º ciclo do ensino básico, assim como as polémicas sobre as aulas de substituição...

Foi tremendo.

Não sendo eu uma "especialista" desta área, nem uma profissional da educação (sim...que as duas coisas, decididamente, não se confundem!), pois sabem os caros leitores que nesta matéria sou apenas uma Encarregada de Educação, nunca me informei acerca de como se passavam as coisas noutros países...Se eu soubesse onde me estava a meter teria ficado calada. Acontece que passei o tempo a tentar fazer entender O PORQUÊ da reacção dos professores a estas medidas...e não devo correr muitos riscos de me enganar se disser que foi em vão, pois nenhum entendeu como estas mudanças não poderiam ser pacificas.

Já perceberam, portanto, que fiquei a saber que nos países deles estas duas realidades são indiscutíveis! O prolongamento, por exemplo, é até às 18 horas e há tanto tempo que existe que eles nem sabiam responder quando começou. A seguir às aulas, as crianças têm  desporto, tecnologia, artes plásticas...  Senti-me um bocadinho "mulher das cavernas" por no meu tempo a escola publica deixar-me sair do seu espaço quando eu muito bem entendia (coisa que, felizmente, já não se passa hoje), assim como por os nossos filhos, até esta ministra da educação, serem expulsos da escola a partir das 15 horas , como se os pais não trabalhassem, como se não tivessem de trabalhar...

E porque este post apenas trata de curiosidades, sabiam que em França os professores apenas ganham 12 salários por ano? Eu não. Ou seja: que não recebem 13.º mês, nem subsídio de férias? Sabiam que têm reuniões com os E.E. trimestralmente, das 17h 30m às 21h 30m (!), para que não colidam com o horário profissional dos pais? E que até ao 9.º ano (o equivalente ao nosso 9.º ano, melhor dizendo) o Director de Turma tem reuniões com os pais ao Sábado de manhã (!), pela mesma razão, com o objectivo de dar os boletins das notas no final do trimestre e falar individualmente acerca dos alunos? E voltando aos salários, fiquei a saber que um professor com 12 anos de serviço e 18 horas semanais aufere 2 mil euros... Ora, sabendo que só têm 12 salários por ano, foi a minha vez de me encher de orgulho nacional e afirmar que ganham mais cá... Ainda por cima,  trabalham no feriado do Corpo de Deus e não é pago!!!

Chega de escrita e vou apanhar sol com os petizes. Boas férias!
sinto-me:
publicado por uma E.E. às 10:10
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Sexta-feira, 4 de Agosto de 2006

Maria de Lurdes Rodrigues na A.R.

Muito se disse sobre a ida da Sra. Ministra à A.R . dar explicações sobre a polémica decisão de mandar repetir os exames de Física e Química. Não vou tecer considerações sobre a oportunidade da decisão. Outros falarão com mais propriedade. Mas quero tecer considerações sobre a demagogia feita por muitos deputados e a falta de urbanidade de alguns.


Ficou claro que apenas entenderam aquela ida à Assembleia como uma oportunidade de se vingarem das batalhas, todas perdidas, ao longo destes 16 meses… (E eu que votei toda a minha vida no partido de um elemento da A.R . que usou da palavra da pior maneira!) Ficou claro que nenhum soube explicar o que teria feito melhor para “remendar” o mal provocado por reformas em cima do joelho herdadas de governos anteriores.

 

Eu, que acredito que os políticos “não são todos iguais”; eu que acredito que são insubstituíveis (como poderá a sociedade organizar-se em democracia sem políticos?); eu que acredito que há vários que trabalham pela gestão da pátria pensando no melhor para todos…fiquei desarmada perante os cépticos da política, pois estes deputados não se dignificaram…não nos dignificaram!

 

Mas há surpresas boas que se têm! Ainda há pensadores livres, mesmo dentro das máquinas partidárias! Ainda há quem defenda o que considera mais justo, sem pensar se isso lhe trará votos ou não! É um desses exemplos que me ocorreu citar, para os que ficaram desiludidos com os nossos deputados pelas mesmas razões que eu:


“David Justino elogia actuação de Maria de Lurdes Rodrigues /
Ex-ministro de acordo com a tutela na questão dos exames de Física e Química / notícia no D.N.

David Justino, ex-ministro social-democrata da Educação, elogiou a forma como a actual ministra Maria de Lurdes Rodrigues geriu a questão dos exames de Física e Química.

"No plano político, fez-se o que se deveria fazer: tratar como excepção o que parece ter sido excepcional e tentar atenuar os prejuízos que essa excepção provocou", escreveu David Justino, actual assessor para os assuntos sociais do Presidente da República, num artigo de opinião publicado no número de Agosto da revista "Pontos nos ii".

David Justino alertou para eventuais "erros de concepção dos testes" e para a necessidade de avaliar se os exames "correspondem ao 'standard' exigível e ajustado aos programas, ao ensino e às disciplinas".

Depois de feita essa avaliação, acrescentou, devem retirar-se "as ilações políticas que as circunstâncias exijam".

Frisando saber, "por experiência própria", que "não há ingerência política nos serviços de exames", David Justino sustentou que "se os erros e os desajustamentos persistem então a política tem de actuar".

David Justino criticou as "carpideiras de serviço" que insistem em misturar os planos técnico e político e que "mesmo sem conhecer o morto choram por estranho efeito de contágio".

No seu artigo, o ex-ministro da Educação critica a "elite bem pensante e mediática" que "aproveita para dissertar sobre o cataclismo das negativas que alguns títulos e notícias pintam de negro" sem antes analisar os resultados reais dos exames.


Nota para os apressados a retirar conclusões: Não, não acho que tenha sido um bom ministro, antes pelo contrário. A satisfação que as suas palavras me trouxeram foi por ter tido a prova de que ainda é possível ter um pensamento próprio dentro das máquinas partidárias e não subordinar as intervenções públicas às exigências da agenda política. (E como é mais fácil estarmos juntos numa imensa carneirada...)

sinto-me:
publicado por uma E.E. às 19:38
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Domingo, 30 de Julho de 2006

Homenagem aos bons professores

Na sequência do comentário da leitora “cidadã consciente” publicado meu post “Educação e Cidadania andam de mãos dadas” decidi, conforme lhe digo na minha resposta, escrever sobre os bons profissionais, pelas razões que enunciei então, na resposta a esse comentário.

 

Por isso publico aqui, em homenagem aos professores fantásticos que tive, aos outros que no mesmo local refiro e a todos os que andam por aí e que espero que sejam muitos… uma crónica assinada pelo Prof. Doutor Daniel Sampaio, Professor da Faculdade de Medicina de Lisboa, e que penso dispensar mais apresentações.


SOU UM PROFESSOR SÓ

Meu velho:

Desculpa estar sempre a mandar e-mails com as chatices da escola, mas és a única pessoa com quem posso desabafar sem problemas. Estou numa escola que conheces e, pelo que descreveste, pouca coisa mudou. A única diferença é que agora somos obrigados a estar mais horas e a confusão é grande. Imagina que se faz fila à porta do CE e que nos mandam dar aulas de substituição nas escolas do agrupamento, incluindo a do primeiro ciclo! Muitos colegas andam revoltados e os alunos não aceitam com facilidade um professor que não conhecem.

Eu vou fazendo pela vida. Não sou capaz de alinhar com os protestos, fiz greve apenas para não dar nas vistas; mas também sinto que as coisas precisam de ser melhoradas e por isso escrevo. No teu último mail recomendavas que me concentrasse na função actual do professor. Podes crer que fiz o TPC e aqui vai.

Sabes, António, sempre desejei ser professor. Quando era criança, inventava aulas a partir de um quadro preto que o meu Padrinho me tinha dado: explicava os meus próprios trabalhos a alunos imaginários, conversava com eles e até lhes ralhava. Fui para Estudos Portugueses porque sempre adorei ler e queria partilhar esse gosto com gente mais nova, depois fiz muitas acções de formação (com e sem créditos) para ver se ensinava melhor, estou na terceira escola e não quero desistir. Sabes o que não quero abandonar? O meu gosto em estar com crianças e jovens, nas diversas situações que ocorrem numa escola. Gosto de dar aulas, sobretudo quando consigo transformar a turma num grupo de trabalho e ponho toda a gente a participar. Adoro colaborar com a Associação de Estudantes e, bem ao contrário de ti, até tenho paciência para ouvir os pais, que recebo muitas vezes. Tenho muitas dificuldades, como sabes: os alunos têm poucas regras, sabem muito pouco e só falam em 'curtir', por isso às vezes me interrogo sobre o caminho a seguir. Com franqueza te confesso: sinto-me um professor só, às vezes quase um ET no meio da confusão, mas quero que me entendas. O meu lema é aproveitar TODAS as oportunidades para estar com os alunos, continuo com a ideia firme de que tenho coisas para lhes dizer e de que eles terão o maior gosto em estar comigo. Detesto quando os meus colegas (até tu) se põem a dizer mal de 5 mais novos, que não têm maneiras, que são ordinários ou desmotivados que parecem loucos. O nosso papel, a essência da nossa profissão não é justamente ajudá-los a crescer, escutá-los de forma activa, evitai que deixem a escola ou impedir que a frequentem sem sucesso? Posso dormir descansado quando cerca de 30% dos alunos da minha escola não completam o Secundário?!

Meu caro, não posso concordar com os colegas que dizem que estar com miúdos pequenos é ser 'ama-seca' ou 'entertainer'. Para mim, é uma ocasião que não posso perder: quero ouvi-los sobre as suas questões, auscultar os seus pontos de vista, ajudá-los a estudar, brincar com eles de forma organizada. No dia em que me convencer que os alunos do meu agrupamento, de todas as idades, se recusam a estar comigo, abandonarei a escola, porque de facto o meu ofício deixou de fazer sentido.

Estou de acordo que muito há a fazer para melhorar a confusão actual. As coisas precisam de ser mais bem explicadas e sobretudo melhor aplicadas. Mas recuso-me a cruzar os braços e a confessar que não sou capaz de falar com uma sala cheia de jovens desconhecidos. Mesmo que eles não me queiram à partida, não concordo: educar é também dizer não e acredito que tenho muita coisa para lhes dar. Responde depressa.
 
Um abraço, Hugo.


Esta Crónica foi publicada na Revista XIS, Jornal Público, a 03-DEZ-2005, e pode ser lida aqui.


sinto-me:
publicado por uma E.E. às 14:58
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Sábado, 22 de Julho de 2006

Concessão de equivalência de Habilitações Estrangeiras

Por razões do foro pessoal vi-me obrigada a procurar informações acerca do regime de equivalência de habilitações para cidadãos estrangeiros num determinado país estrangeiro, ou seja: procurei saber qual é o quadro legal que enquadra a situação dos alunos portugueses que vão para esse determinado país estudar, ainda no ensino básico.

 
Posso dizer que fiquei e estou muito apreensiva. Não encontro qualquer item que me entusiasme, pelo contrário. Só encontro dificuldades. Estamos numa aldeia global mas ainda há coisas muito difíceis de concretizar.


Por curiosidade apenas, então, decidi procurar saber como se passam as coisas ao contrário, ou seja: como “se amanham” os estrangeiros que vêm viver para Portugal com filhos na escola básica.


Encontrei assim mais um trabalho desta Ministra da Educação que quero louvar aqui. As razões são várias e, para quem sabe do que falo, dispensa mais comentários. Podem ver o Decreto-Lei n.º 227/2005  clicando aqui.


Nota: Gostava de saber porque é que eu, normalmente atenta ao que diz a comunicação social, nunca tinha ouvido falar deste assunto, e estamos a falar de um trabalho já de Dezembro de 2005. O que é bom não gera notícia?

sinto-me:
publicado por uma E.E. às 13:43
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Sexta-feira, 21 de Julho de 2006

Explicações : ou a insuficiência do 1.º Post

Está o "blogzinho" a fazer 8 dias e já me sinto na obrigação de dar explicações.
Mas não há problema nisso, afinal não quero ser mal entendida.

O propósito deste espaço está explicito no 1.º post .  Acho que qualquer um de boa fé, mesmo que seja professor, consegue interpretar as singelas linhas ali redigidas.

Não tinha planeado escrever aqui qualquer experiência pessoal, a não ser os episódios que tivessem a ver com a minha visão da politica deste Ministério da Educação, enquanto Encarregada de Educação. No entanto, devido a uns e-mails que recebi, venho acrescentar a explicação que pensava ser escusada: NADA ME MOVE CONTRA OS PROFESSORES.

Para mim é óbvio: os paizinhos deram-me educação e os professores ensinaram-me as matérias. Alguns até fizeram mais do que isso, e foram companheiros e amigos. Afinal, acabei o meu secundário (na escola pública, onde sempre andei) com nota de 18,7. E graças a isso entrei no curso que queria, para onde me apetecia e formei-me onde me deu na real gana. É tão evidente que a coisa não se fazia sem professores, e BONS, que nem me passou pela cabeça ter de vir a escrever : NADA ME MOVE CONTRA OS PROFESSORES.

Bem. Espero que agora tenham entendido.

Quanto às motivações, são exactamente as mesmas que estão escritas no 1.º post .


sinto-me:
publicado por uma E.E. às 03:08
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Segunda-feira, 17 de Julho de 2006

Ainda sobre euros - Refeições escolares

Não, não me vou sentir mal se algumas almas me confundirem com um "espírito neoliberal " ou qualquer outro epíteto do género, pois sei muito bem de que massa sou feita.

Apenas acho que se passamos a vida a levantar os dedos (indicador ou o médio, conforme o ânimo ) a alguns políticos, porque não nos facilitam a vida, então apetece-me prestar "um tributo" aos que me ajudam... e este Ministério da Educação tem-no feito.

Quero falar do preço das refeições (almoços) no 1.º ciclo da escola básica.

A escola frequentada pela minha criança, servia os almoços, fornecidos pela Santa Casa da Misericórdia, a um preço que nada tinha de misericordioso. Era coisa para uns € 2,25 cada refeição. Ora façam as contas...

No ano lectivo que agora terminou, graças ao Despacho n.º 22/251/2005 , este Ministério fez com que a mesma refeição, com a mesma qualidade, passasse a ter um custo de € 1,34! Significa  que reduziram os custos em 40% !

Além disso, este trabalho da Sra. Ministra, veio garantir o acesso ao fornecimento de refeições à generalidade dos alunos do 1.º ciclo, sendo que anteriormente a maioria dos alunos do 1.º ciclo nem tinham acesso às refeições escolares!

Por estas e por outras é que ultimamente me falta a paciência para ouvir alguns professores, alguns sindicatos dos professores e alguma oposição. Alguém ouviu uma palavra de constatação do trabalho bem feito? Eu não. Até parece que é comum neste país termos Governos que, de um dia para o outro, nos baixam o custo de alguma coisa...(sobretudo em 40%).

Só que, neste caso, nem estamos a falar de uma coisa qualquer. Por isso escuso-me a tecer comentários sobre a importância deste assunto...a importância das refeições para o sucesso escolar, etc., etc. É caso para perguntar a quem ficou calado com estas mudanças: - são só patetas ou também são anorécticos ? Os Srs. não almoçam?

Nota: Para quem me escreveu a perguntar se não achava caro €1,34 para um almoço (ai..eu) informo que existe uma coisa chamada Acção Social Escolar e que vigora em todo o território nacional...(!)
sinto-me:
publicado por uma E.E. às 22:37
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Domingo, 16 de Julho de 2006

Apenas algumas das mudanças no 1.º Ciclo: prolongamento do horário escolar

Sim, também vou falar de dinheiro.
E não puxem já dos cabelos naquela atitude à beira do histerismo tão vista nos últimos tempos da parte de alguns agentes educativos... dêem lá o beneficio da dúvida.

Neste ano lectivo que agora terminou, assisti a uma pequena revolução na escola do meu educando. Noutros posts falarei do papel dos professores nessa "revolução" e nos efeitos que essa nova vivência proporcionou aos alunos. Por agora vou "apenas" referir como a minha e outras carteiras foram afectadas por este Ministério e, da consequente melhoria na qualidade de vida - que se reflectiu na melhoria das condições de aprendizagem dos alunos.

PROLONGAMENTO DO HORÁRIO ESCOLAR

COMO ERA A SITUAÇÃO ANTERIOR

Até então, porque a escola fechava às 15h, alguns alunos, privilegiados , iam passar o resto do dia para casa. Ou porque um progenitor / outro parente não trabalhava fora de casa, ou porque havia uma empregada a ir buscar o aluno à escola, ou porque... eram filhos de professores. Seria dos horários dos pais?

Esses eram os privilegiados, mas convém  lembrar que também existia um pequeno número de alunos que iam para casa onde ficavam sozinhos largas horas, pois os pais estavam a trabalhar e não tinham condições económicas para sustentar as respostas privadas (e únicas até agora aqui na zona) para a ocupação daqueles tempos livres.

No meu caso, igual ao da maioria dos E.E ., o meu educando seguia para um A.T.L .
Muito bem: nesse espaço eram disponibilizadas aulas de Música, Inglês e Educação Física uma vez por semana, em dias alternados. Ainda sobrava tempo para muita brincadeira, artes plásticas e várias visitas de estudo e passeios.

Pessoalmente nunca me preocupei. A razão da minha criança ter de ir para um A.T.L . depois da escola terminar às 15h, não se prendia apenas e só com os horários profissionais, mas também com o meu conceito de "educação". Por exemplo, era fundamental para mim colmatar a ausência de Desporto Escolar, e as razões porque acho importantes as crianças terem noções de Música e de Inglês nestas tenras idades são tão evidentes que carecem de explicação...

Nunca tive a sensação de "depositar" a minha criança num espaço que apenas "cuidasse dele", mas sim a sensação excelente de o ver todos os dias a receber uma educação mais completa, sempre a despertar para novas realidades e experiências só possíveis de serem transmitidas por profissionais.

O carinho desta E.E . e dos outros parentes chegavam, como chegam hoje, ao fim da tarde, onde o acompanhamos ainda a outras actividades (faz dois desportos desde os 4 anos), depois fazemos os TPC e todas as outras rotinas até ao deitar.

Parece tudo bom, não é? E quanto custava ao orçamento familiar essa "educação mais global", não limitada aos currículos académicos " ? Ora, era coisa para uns 150 mensais. Se tivermos em conta que com o transporte da escola para o ATL a criança só chegava lá depois das 15h 30m (como eram muitos a carrinha fazia várias viagens), estamos a falar de umas 2 horas, duas horas e meia, passadas com o  A.T.L. Um bocadinho caro, não acham?  Talvez agora se perceba porque alguns pais eram obrigados a deixar as suas crianças largas horas sozinhas em casa... talvez agora se perceba porque há uns tempos atrás uma E.E ., que tem 3 filhos, me dizia: - sem ter horário de professor isto tornasse muito difícil!


COMO É A SITUAÇÃO ACTUAL

Actualmente estamos em férias escolares, mas durante todo o passado ano lectivo a situação mudou, e mudou para muito, muito melhor!

A escola passou a estar aberta até às 17h 30m para as actividades extracurriculares . Ver Despacho
A escola tem todas as condições físicas, de espaço, para ser aproveitada.
Há muitos professores sem horário completo e nas outras condições que o Ministério indica como aptos para serem afectos a este tipo de resposta.

Os "recursos humanos" é que na sua maioria, não gostaram nada da ideia! Infelizmente passaram-se episódios trágico-hilariantes que relatarei assim que puder. (Isto merece muita reflexão).

E, como prometi que neste post iria falar de dinheiro...já imaginam, não é? Todas as crianças do 3.º e 4.º anos (todas, se os pais assim decidirem, pois trata-se de uma actividade extracurricular , de frequência não obrigatória) passaram a ter aulas de Inglês, três vezes por semana, GRATUITAMENTE. Ver Despacho

Engraçado, ia falar de dinheiro e acabei por falar em IGUALDADE...o Estado, finalmente, ao cumprir o seu papel (aplicar o dinheiro dos nossos impostos ao serviço do cidadão), tornou acessível A TODAS as crianças aquilo que até este ano lectivo estava acessível APENAS A ALGUMAS...

Igualmente DE FORMA GRATUITA, a escola passou a fornecer tempos para  a Música, a Educação Física, as Artes Plásticas. As crianças passaram a ter acompanhamento na feitura dos TPC . (E, sobre os TPC falarei mais tarde).

Finalmente, vi a escola pública a tentar cumprir o ideal de escola.

Finalmente, senti que dentro do espaço da escola também há espaço e tempo para brincar, jogar, aprender coisas diferentes que não o mero currículo . Afinal, se a Escola Pública é opção para alguns (cada vez menos "alguns") é a ÚNICA SOLUÇÃO  para muitos (cada vez mais).

Finalmente senti que os nossos impostos andam a servir para alguma coisa...
sinto-me:
publicado por uma E.E. às 22:30
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Sábado, 15 de Julho de 2006

Porque estou contente com as mudanças

Em 16 meses deste novo Ministério da Educação, muita coisa já mudou no sistema educativo.

Nem professores, nem pais, nem políticos, nem os alunos (os que já têm maturidade para fazer destes juízos), podem negá-lo.

Eu sou uma mãe e E.E . satisfeita com quase todas as medidas introduzidas por este Ministério. E, porque não encontro muitos espaços onde possa dar o meu contributo (relatarei histórias passadas em vários Conselhos Pedagógicos e Assembleias de Escola onde já participei), decidi fazer este blog. Vou explicar as razões do meu contentamento...numa época em que "falar bem" das mudanças que estão a ocorrer nas nossas escolas tornou-se um perigo para a saúde...se o fizermos rodeado de alguns professores.

Esclareço que tenho cor política, que tenho formação ideológica, sim senhor. O que mais me surpreende neste processo todo, no que à minha pessoa diz respeito, é que estou a aplaudir um Ministério de uma cor política que nunca foi a minha...Porquê? Porque estou perfeitamente convencida das vantagens que estas medidas já trouxeram e vão continuar a trazer para a Escola dos nossos educandos. São estas razões que me proponho explicar.

 

sinto-me:
publicado por uma E.E. às 22:13
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